Título: IEDI: NÃO BASTA QUEDA DE `SPREAD¿
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 09/09/2006, Economia, p. 25

Patamar elevado impede recuperação da indústria nacional

SÃO PAULO. Em relatório divulgado no feriado de quinta-feira, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) sustenta que a queda dos juros e as medidas recentes para reduzir o peso do spread bancário (diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros que eles cobram do cliente) não têm sido suficientes para alavancar a produção da indústria nacional.

O problema, segundo a entidade, é que juros e spreads estão em patamares muito altos. Nesta condição, para que haja algum efeito concreto sobre o ritmo de atividade econômica, o Comitê de Política Monetária (Copom) teria de promover reduções mais graúdas do que as registradas nas últimas reuniões.

¿A indústria brasileira ainda não encontrou o caminho do crescimento vigoroso e generalizado. O problema é o ponto de partida: taxas de juros muito altas e spreads excessivamente abertos, que tornam tais esforços essenciais, mas sem serem suficientes¿, diz o Iedi.

Referindo-se ao resultado da produção industrial em julho, que apresentou alta de apenas 0,6% na comparação com o mês anterior, o Iedi afirma que ¿o modesto crescimento¿ da atividade econômica ¿está longe de ser generalizado¿.

Desempenho abaixo do de outras nações emergentes

¿A expansão permanece concentrada em alguns poucos setores, em particular, nos de bens de consumo duráveis de alto conteúdo importado, beneficiados pela valorização do real; e nos setores produtores de bens de consumo não-duráveis, como alimentos e bebidas, em virtude da expansão da massa de rendimentos¿, conclui o estudo.

O Iedi também chama a atenção para a forte valorização do real frente ao dólar, considerado outro obstáculo para o crescimento da produção.

¿Se houver quedas nas taxas de juros e spreads em favor das famílias, um aumento da demanda interna sem depreciação cambial pode implicar apenas em aumento das importações¿.

Usando dados do IBGE e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Iedi mostra que a produção industrial brasileira tem tido desempenho aquém do registrado por outras economias emergentes. Enquanto a atividade brasileira cresceu 3,2% em julho em relação a igual mês de 2005, o avanço foi de 12,4% na Polônia, 10,9% na Coréia do Sul e 4,5% na média dos países europeus (dados de junho).