Título: PMDB LIDERA NA RETA FINAL
Autor: Ilimar Franco e Maria Lima
Fonte: O Globo, 10/09/2006, O País, p. 3

A 21 dias do pleito, pesquisas indicam decisão em primeiro turno em 17 estados

A21 dias das eleições, as pesquisas de intenções de voto indicam que a disputa para os governos estaduais deve ser decidida já no primeiro turno em 17 estados, sendo que em oito destes os vitoriosos devem ser os atuais governadores. Outros seis governadores têm chance de ganhar novo mandato no segundo turno. Pelo mapa dos institutos de pesquisa Ibope e Datafolha, o PMDB deve eleger o maior número de governadores no primeiro turno, com vitória prevista em seis estados. Em segundo lugar, PFL e PSDB, cada um com três, sendo que os tucanos devem ganhar o comando dos dois maiores estados ¿ São Paulo e Minas.

O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a disputa presidencial, está na lanterna e deve eleger em primeiro turno apenas um governador, o ex-prefeito de Aracaju Marcelo Déda, em Sergipe. Entre os que lideram com folga a corrida aos governos estaduais e têm chances de liquidar as eleições no primeiro turno estão os tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), os peemedebistas Paulo Hartung (ES) e Roberto Requião (PR), os pefelistas Paulo Souto (BA) e Roseana Sarney (MA), Cid Gomes (CE), do PSB, e o trabalhista João Lyra (AL), além de Déda.

Entre os governadores próximos de conquistar a reeleição estão Otomar Pinto (PSDB), em Roraima; Eduardo Braga (PMDB), no Amazonas; Blairo Maggi (PPS), no Mato Grosso; e Ivo Cassol (PPS), em Rondônia.

PSDB comemora por ter estados mais fortes

Além dos seis governadores com chances de liquidar a disputa no primeiro turno, o PMDB ainda disputaria em outros quatro estados. O PSDB teria três eleitos no primeiro turno e disputaria em outros três no segundo. O PFL também teria três eleitos e disputaria mais um estado. Os tucanos estão cantando vitória pelo fato de as pesquisas indicarem o favoritismo de seus candidatos nos estados mais fortes.

¿ O PSDB está forte nos principais colégios eleitorais de Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul. Deve ser um dos três partidos mais votados para governador, senador e deputado federal. Na última eleição fizemos uma bancada de 71 deputados e ficamos com 51 por causa da deserção do mensalão. Agora vamos aumentar nossa força na Câmara e Senado. Para governador, numericamente, devemos ficar do mesmo tamanho ¿ diz o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman (SP), candidato a vice na chapa de Serra.

Se as eleições fossem hoje, o PT teria Déda (SE) eleito no primeiro turno e boas chances com Wellington Dias (PI) e Binho Marques (AC). O governador do Acre, Jorge Viana, aposta num bom desempenho do partido.

¿ Quem apostou precipitadamente que o PT iria encolher vai errar. Depois de uma crise dessas, manter o mesmo número de governadores e o tamanho das bancadas na Câmara e Senado é um grande ganho. Se tiver surpresas é para mais. A onda Lula, de novo, é um fato ¿ analisa.

Apenas três governadores que buscam a reeleição estão atrás nas pesquisas: o tucano Lúcio Alcântara (CE), o pefelista João Alves (SE) e a socialista Vilma Faria (RN). Nos três casos a disputa pode ser decidida já em 1º de outubro.

Levantamento da Arko Advice, do cientista político Murilo Aragão, mostra que os principais candidatos na corrida à Presidência estão em situação de equilíbrio nos palanques estaduais.

Analista: ¿O PT está fraco e Lula está forte¿

Segundo Aragão, Lula não conseguiu organizar bons palanques nos estados, ao contrário de Geraldo Alckmin, que tem São Paulo e Minas. Mas o fato de a campanha do tucano não decolar, mesmo depois do início da propaganda eleitoral, faz com que os candidatos ao governo voltem-se para suas disputas e não se empenhem na campanha de Alckmin. Aragão cita o caso do Ceará, de Minas Gerais e até de São Paulo.

¿ À medida que a campanha de Alckmin não empolga, os estaduais tocam sua vida. Não necessariamente bandeando, mas não se empenham. As coligações estaduais de Alckmin são potencialmente mais fortes, mas este potencial não se realiza porque, na medida em que ele não convence como presidenciável, o estadual fica temeroso de se associar a uma campanha que não vai ganhar ¿ analisa o cientista político.

Para Aragão, o fato de Lula ter chances de vitória com seus aliados em oito estados e o PT em apenas três indica a intenção dos eleitores de votar não em partidos, mas nos candidatos:

¿ O eleitor escolhe pelo nome, não pelo partido e não necessariamente há relação entre o candidato favorito e seu candidato nos estados, por isso o PT está fraco e Lula está forte.