Título: A MULHER QUE QUER MUDAR O CENÁRIO POLÍTICO DO AMAPÁ
Autor: Chico de Gois
Fonte: O Globo, 10/09/2006, O País, p. 13

Cristina foi humilhada na Assembléia

MACAPÁ. Cristina Almeida surge para a entrevista vestindo uma bata de cores puxadas para o bege, um turbante à cabeça. Nas fotos de campanha, a indumentária é semelhante. A ascendência negra é realçada pela candidata ao Senado, embora ela diga que não é estratégia de marketing.

Cristina tem 40 anos, é casada, sem filhos, filiada ao PSB há seis anos e de 2003 a 2006, foi superintendente do Incra no Amapá. A principal adversária do ex-presidente José Sarney sente-se como Davi enfrentando Golias. Espera, como o herói bíblico, ter o mesmo desfecho: a vitória.

¿ Sou candidata para manter o equilíbrio federativo, que diz que cada estado tem de ter três senadores. Por que o Maranhão tem quatro, e o Amapá, dois? ¿ questiona, colocando Sarney na cota do seu estado de origem.

Seus adversários dizem que ela se utiliza do Incra para fazer campanha e que cresceu à sombra de Capiberibe. Ela nega, embora não desmereça a herança eleitoral. Funcionária concursada da Assembléia Legislativa, em março, depois de se desligar do Incra, apresentou-se e pediu férias ao presidente da Casa, Jorge Amanajás (PSDB). Ele não concedeu, apesar de ela ter direito. Quando voltou a trabalhar, ela, que é administradora, foi deslocada para fazer faxina. Foi um qüiproquó. A imprensa local noticiou, e o presidente voltou atrás.

Cristina diz conhecer as necessidades do estado:

¿ Ele conhece o Amapá pelo que lê nos livros, eu conheço porque já trabalhei em todos os municípios.

Cristina veste-se também de outro personagem: dom Quixote. Diz que é preciso ¿libertar¿ o presidente Lula:

¿ O Lula está preso ao Sarney, mas esta responsabilidade de tirar o Sarney do cenário político é do povo do Amapá.