Título: COAF RASTREIA CONTAS DE INTEGRANTES DA QUADRILHA
Autor: Antonio Werneck
Fonte: O Globo, 10/09/2006, O País, p. 23

Objetivo das autoridades é desarticular a distribuição do dinheiro arrecadado por criminosos

SÃO PAULO. Depois de tentar secar as fontes de renda da facção criminosa que atua nos presídios paulistas, apreendendo a droga que comercializa, agora o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) de Segurança Pública de São Paulo, que reúne forças federais e estaduais, objetiva desarticular a distribuição do dinheiro arrecadado pela facção por meio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O órgão, ligado ao Ministério da Fazenda, está rastreando centenas de contas bancárias nas quais integrantes da facção movimentam o dinheiro obtido com tráfico e assaltos a bancos.

Na segunda reunião que o GGI fez em São Paulo, o secretário da Segurança Pública do estado, Saulo de Castro Abreu Filho, entregou uma lista com os primeiros 110 nomes de suspeitos de lavagem de dinheiro e ligações com a facção e uma relação com 982 números telefônicos e 412 contas correntes que estariam sendo movimentadas pela organização.

¿ Mesmo que quisesse o GGI não poderia anunciar que medidas vai tomar ¿ diz o superintende da PF em São Paulo, delegado Geraldo José de Araújo.

Em reunião que acontecerá na quarta-feira, o GGI vai propor medidas legais para aumentar a eficiência do combate ao crime organizado no estado. As medidas permitirão, segundo o secretário-adjunto de Segurança Pública de São Paulo, Marcelo Martins, que as forças de segurança atuem com mais agilidade no estrangulamento financeiro da facção criminosa. Entre as medidas do pacote há dispositivos que permitirão à polícia tomar conhecimento mais aprofundado das transações bancárias dos criminosos e ter acesso às movimentações telefônicas dos integrantes de facções.

Serão propostos o agravamento da pena por crime contra agentes públicos e a criação de uma tipificação criminal para o uso do telefone celular em estabelecimento prisional. O GGI deverá sugerir ainda a transferência de presos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) caso sejam pegos usando aparelhos de comunicação dentro dos presídios.

¿ É preciso adotar medidas urgentes para isolar os presos. Não é possível que continuem comandando uma organização que aterroriza São Paulo se comunicando de dentro das penitenciárias ¿ diz um promotor do GGI.

Segundo o Ministério da Justiça, que articula o GGI, o grupo integrado por policiais federais e estaduais poderá, por exemplo, planejar ações policiais conjuntas entre forças federais e estaduais, com base em informações de inteligência compartilhadas entre duas polícias, que vinham trabalhando de forma isolada, enquanto o crime vinha se organizando em território nacional com auxilio de grandes traficantes do Paraguai, da Bolívia, do Chile e da Colômbia.

¿ Grandes traficantes da América do Sul estão colaborando ativamente com os bandidos da facção criminosa instalada nos presídios paulistas, que comanda o tráfico de drogas e que tenta se especializar em assaltos a bancos ¿ diz o superintendente da PF, Geraldo José de Araújo.