Título: ALCKMIN SOBE O TOM E ACUSA LULA DE CORRUPÇÃO
Autor: Maia Menezes e Heliana Frazao
Fonte: O Globo, 12/09/2006, O País, p. 8

Em discurso para prefeitos e aliados na Bahia, tucano diz que governo tem `viés autoritário¿ para esconder corruptores

SALVADOR. A Bahia botou pimenta na campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Em um discurso contundente ¿ estimulado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ¿ Alckmin agradou aos aliados pefelistas ao atacar com mais ênfase o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição. Para uma platéia de 350 prefeitos de cidades nordestinas, vereadores e deputados da região, o tucano afirmou que o governo Lula é autoritário porque é corrupto:

¿ Tenho apreço pela democracia. Esse governo que está aí tem viés autoritário. Todo governo corrupto tem viés autoritário, porque tem que esconder os corruptores. Nós não temos que esconder. Temos que prestar contas diariamente ¿ disse Alckmin, aplaudido de pé.

ACM: ¿Se ele entrar de vez nessa linha, vai crescer¿

O tom foi dado por Antonio Carlos que, no fim de um discurso duro contra Lula, deu um recado a Alckmin:

¿ Quero ouvir as suas palavras, mas as palavras ditas no sábado. Mostrando como este Brasil está destruído e como pode melhorar ¿ disse.

Em seguida, em entrevista, o pefelista explicou:

¿ Gostei mesmo foi do programa eleitoral de sábado. Foi duro, mostrando as falhas e a corrupção do governo. E também as coisas que vai fazer ¿ disse ACM, que quer mais tempero no discurso de Alckmin:

¿ Já está contundente. Mas ainda pode ser mais. Se ele entrar de vez nessa linha, vai crescer cada vez mais ¿ afirmou o pefelista.

Alckmin, ao detalhar, em entrevista, o que considera autoritarismo do governo, citou o projeto que criava a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav) e o tratamento dado pelo presidente à imprensa. Citou ainda o mensalão.

¿ O governo tem um viés autoritário. É a Ancinav, é querer controlar a imprensa. O mensalão é submeter o poder a outro. Não é um convívio democrático ¿ afirmou Alckmin, que explica o novo tom da campanha: ¿ Vou fazer uma campanha respeitosa, mas firme sob o ponto de vista de princípios e valores. O Brasil regrediu no aspecto ético.

¿É Newton Cardoso, Jader, Ney Suassuna. Esse é time¿

Ainda no discurso, o tucano agradou aos prefeitos, ao criticar o governo Lula por não ter aumentado o repasse do Fundo de Participação dos Municípios às prefeituras.

¿ Ele (Lula) fez o que queria. Aumentou outros impostos, fez tudo por Brasília. Mas não deu 1% de aumento dos repasses do Fundo ¿ afirmou Alckmin, que se definiu como capitão ¿de um time que tem lado e não fica em cima do muro¿.

Alckmin criticou as companhias de Lula nesta campanha:

¿ É o Newton Cardoso, é o Jader Barbalho, é o Ney Suassuna. Esse é time que está comandando o processo.

O tucano voltou a criticar o governo, com base na denúncia publicada na última edição da revista ¿Veja¿, de que material de propaganda institucional feito pela Subsecretaria de Comunicação do governo virou material de campanha do PT:

¿ Como é que pode pegar dinheiro do povo para fazer material impresso, para fazer política partidária? Não são casos isolados de corrupção. Para onde você olha, há desvio.(*) Enviada especial