Título: SUASSUNA VAI DEPOR NO CONSELHO DE ÉTICA
Autor: Chico de Gois e Evandrop Éboli
Fonte: O Globo, 12/09/2006, O País, p. 12

Senador se defenderá da acusação de sanguessuga; Câmara notificará por edital 16 dos 67 deputados citados

BRASÍLIA. O Conselho de Ética do Senado ouve hoje o depoimento do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), acusado de atuar no esquema dos sanguessugas, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras por meio de emendas ao Orçamento. A assessoria de Suassuna confirmou que ele irá ao Conselho e pedirá que a sessão seja aberta. O relator, senador Jefferson Péres (PDT-AM), disse que está apto a dar seu parecer após o depoimento, a não ser que o senador arrole testemunhas.

Na semana passada, o ex-assessor do senador prestou depoimento e complicou a vida do parlamentar. Marcelo Carvalho, apontado em depoimentos da família Vedoin como intermediário do senador nas negociações com a quadrilha, disse que Suassuna sabia das suas atividades.

Quem também depôs contra Suassuna foi a assessora parlamentar do Ministério da Saúde Marilane Cavalcanti de Albuquerque. Ela confirmou que o senador telefonou para saber de emendas parlamentares para a compra de ambulâncias.

Hoje o Conselho também ouvirá o chefe de gabinete do senador Magno Malta (PL-ES), Hazenclever Lopes Cançado, e o dono do carro usado pelo senador, José Luiz Cardoso. Malta afirma que o deputado Lino Rossi (PP-MT) lhe emprestou um veículo para transportar sua banda gospel, mas ele não sabia que o carro era da Planam.

¿ Temos de saber quem pagou o carro ¿ disse o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo de Malta.

O Conselho vai fazer ainda uma acareação com o sócio da Planam, Luiz Antonio Vedoin, o genro da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), Paulo Roberto Ribeiro, e Ivo Marcelo Spínola, responsável pela montagem de equipamentos para a Planam.

Darci Vedoin também foi sido convidado, mas seu advogado enviou ofício ao Conselho justificando sua ausência ¿por problemas de saúde¿.

Deputados fugiram de três tentativas de notificação

A Câmara dos Deputados terá que publicar edital para notificar 16 dos 67 deputados citados pela CPI e que respondem a processo por quebra de decoro no Conselho de Ética. Os parlamentares fugiram de três tentativas oficiais de notificação. Seis são do PL, cinco do PP e os outros cinco são do PTB. Os três partidos são os mais envolvidos com a máfia das ambulâncias e no escândalo do mensalão.

Entre os que se recusaram a atender os funcionários do conselho estão os dois integrantes da Mesa Diretora citados pela CPI: o segundo-secretário Nilton Capixaba (PTB-RO) e o quarto-secretário João Caldas (PL-AL).

Sete deputados foram notificados ontem: Ildeu Araújo (PP-SP), Junior Betão (PL-AC), Isaías Silvestre (PSB-MG), João Grandão (PT-MS), José Divino (sem partido-RJ), Neuton Lima (PTB-SP) e Maurício Rabelo (PL-TO). Eles só aceitaram assinar depois que listas foram divulgadas pela imprensa. Dos 16 deputados fujões, três são do Rio: Carlos Nader (PL) e os petebistas Elaine Costa e Fernando Gonçalves.

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), entrega hoje os 16 editais ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Eles têm que ser publicados no Diário da Câmara, no Diário Oficial da União e em jornal de circulação nacional. Com a publicação, passa a contar o prazo de cinco sessões ordinárias do plenário para que os acusados apresentem suas defesas e listem as suas testemunhas. Esse prazo só vencerá, para todos os 67 acusados, na segunda semana de outubro, após as eleições.