Título: FLEURY, QUÉRCIA E PITTA NO VELÓRIO
Autor: Tatiana Farah
Fonte: O Globo, 12/09/2006, O País, p. 14
Informados pela polícia, amigos acham improvável crime de execução
SÃO PAULO. Um grupo de representantes da direita paulista esteve no velório do coronel Ubiratan Guimarães, cujo corpo foi enterrado ontem no cemitério Parque da Cantareira, às 17h. O sepultamento foi acompanhado pelo toque de silêncio dos clarins do Batalhão da Cavalaria. O caixão foi retirado do carro do serviço funerário municipal pelos filhos de Ubiratan, Rodrigo, Fabrício e Diogo, e ex-colegas de corporação.
Estavam no velório o deputado Roberto Conte Lopes (um ex-policial malufista que entrou para a política depois de matar mais de cem supostos criminosos) e Afanázio Jazadi (PFL), colega de Ubiratan na Assembléia Legislativa e famoso pela forma truculenta com que tratava bandidos em seus programas de rádio. Compareceu também o deputado Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP), governador do estado na época do Carandiru e que assumiu a responsabilidade política pelo episódio.
¿ Não sinto culpa pelo assassinato do Ubiratan, pois sequer se descobriu o motivo do crime ainda. Mas digo que a responsabilidade política pela invasão do Carandiru foi minha.
O ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (investigado por desvio de dinheiro), o ex-governador Orestes Quércia (candidato a governador pelo PMDB) e o ex-secretário de Obras de São Paulo Reynaldo de Barros Filho (acusado de participação em desvios) também foram prestar homenagem ao coronel.
¿ O fato marcante da vida dele foi cumprir uma ordem ¿ disse Quércia, que teve Ubiratan foi comandante da PM.
Municiados com informações da cúpula da Polícia Civil, amigos e correligionários do coronel Ubiratan descartaram a possibilidade de que o crime tenha sido execução a mando do crime organizado. Eles evitam falar em crime passional, mas afirmam que o mais provável é que o coronel tenha sido morto por alguém de sua confiança.
¿ Não tinha nada desarrumado ou fora do lugar. É coisa de gente que tinha a chave ou teve as portas abertas pelo Ubiratan ¿ disse o deputado federal Vicente Cascione (PTB-SP), que defendeu Ubiratan no julgamento e foi um dos primeiros a chegar ao local do crime.
Jazadi também descartou a possibilidade de execução.
¿ Pelo estilo, não é crime de vingança. Nesses casos, os tiros são diferentes, tiros de ¿esculacho¿, no rosto, na nuca, para desfigurar a vítima.
Coincidências com o número 111 (o mesmo dos mortos no Carandiru, e usado por Guimarães em suas campanhas) e especulações sobre os motivos do assassinato eram os assuntos predominantes. O cemitério fica na Rua Luiz Nunes 111.