Título: Coronel disputava reeleição com o 111
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 12/09/2006, O País, p. 15

SÃO PAULO. Em 1992, o coronel Ubiratan Guimarães se transformou em símbolo do maior massacre do sistema penitenciário do país, quando 111 presos foram mortos a tiros no complexo do Carandiru, em São Paulo. De lá para cá, se aposentou, abriu uma empresa de aulas de tiro para empresários e ingressou na política. Sob a alegação de que vivia ameaçado de morte, nunca dispensou andar armado. Evitava usar seguranças para ¿não perder a liberdade¿.

Ubiratan trabalhou na Polícia Militar por quase 35 anos. Comandou a Cavalaria e a Rota ¿ setor considerado o mais truculento contra criminosos. Como comandante do Policiamento Metropolitano, chefiou a operação para controlar uma rebelião sem reféns no pavilhão 9, que tinha cerca de 2.200 amotinados.

Embora tenha dado a ordem para que as tropas invadissem o complexo, Ubiratan não acompanhou toda a operação. Após a entrada dos PMs no pavilhão 9, Ubiratan sofreu um acidente provocado pela explosão de um botijão de gás. Foi levado para um pronto-socorro enquanto os policiais executavam os presos. Em julho de 2001, foi condenado a 632 anos de prisão, mas recorreu em liberdade. Em fevereiro deste ano, foi absolvido, e sua sentença foi anulada.

Entrou na política com o número que marcou sua vida ¿ 111. Foi deputado estadual de janeiro de 1997 a abril de 1998 e de janeiro a março de 1999, como suplente. Em 2002, foi eleito com 56 mil votos e agora concorria à reeleição pelo PTB. No referendo de 2005, defendeu a campanha do ¿Não¿, contra a proibição de venda de armas de fogo. Ele pode ter sido morto com uma das sete armas que tinha em casa.