Título: A menos de 20 dias da eleição, quadro estável
Autor: Paula Autran
Fonte: O Globo, 13/09/2006, O País, p. 5

Datafolha mostra que Alckmin subiu um e Lula perdeu um, mas hoje petista venceria com folga no 1º turno

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, foi o único a subir na pesquisa de intenções de voto do Instituto Datafolha divulgada ontem pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, mas passou de 27% (na última pesquisa Datafolha, realizada de 4 a 5 deste mês) para apenas 28% da preferência do eleitorado, dentro da margem de erro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, perdeu um ponto percentual, indo de 51% a 50%, também dentro da margem de erro. O cenário eleitoral, portanto, não mudou: a pesquisa continua apontando que, se a eleição fosse hoje, Lula seria reeleito presidente no primeiro turno, pois seus 50% representam 56% dos votos válidos (descontados os votos em branco e nulos).

O resultado do levantamento mostra que a estratégia adotada por Alckmin parece não estar surtindo o efeito esperado. Desde o início de setembro, o tucano mudou o tom do discurso e dos programas de TV no horário eleitoral gratuito. Por pressão dos aliados, passou a atacar Lula e a vinculá-lo a escândalos de corrupção como mensalão e valerioduto, o que repetiu ontem. Mas a atitude ainda não se converteu nos votos esperados, especialmente nas classes que ganham menos e estudaram menos. O tucano está 27 pontos percentuais à frente de Lula na faixa do eleitorado com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos. E tem 14 pontos percentuais a mais que o petista entre aqueles com escolaridade superior. Mas isso não muda o resultado geral.

Avaliação de governo petista tem trajetória descendente

Em terceiro lugar permanece a senadora Heloísa Helena, do PSOL, com os mesmos 9% da pesquisa anterior. No início de agosto, ela tinha 12% dos votos. Passou para 11%, depois para 10%, e estacionou em 9% das preferências. Cristovam Buarque (PDT) e Ana Maria Rangel (PRP) também mantêm 1% das intenções de voto. José Maria Eymael (PSDC), Luciano Bivar (PSL) e Rui Pimenta (PCO) continuam não pontuando. Os eleitores indecisos representam 6% do total. E pretendem votar em branco ou anular o voto 4% dos brasileiros.

O Instituto Datafolha também simulou um segundo turno entre o presidente Lula e o ex-governador de São Paulo. O petista venceria com 55% dos votos, contra 38% do tucano. Na pesquisa anterior, a diferença entre os dois era um ponto percentual menor: 55% para Lula e 37% para Alckmin.

O Datafolha ouviu 3.817 eleitores entre os dias 11 e 12 de setembro (segunda e terça-feira desta semana), em 217 municípios de 25 unidades da federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número 16.883/2006.

O instituto também consultou os eleitores sobre o governo Lula. E a avaliação indica uma tendência de queda da aprovação ao governo. Segundo a pesquisa, para 46%, o petista faz uma administração ótima ou boa (contra 48% da última pesquisa). No levantamento divulgado no dia 22 de agosto, o governo Lula atingiu a aprovação recorde de 52%. Em 5 de setembro, este número caiu para 48%.

Já 35% dos eleitores brasileiros acham que seu desempenho é regular (na pesquisa anterior, eram 33%) e 18% o consideram ruim ou péssimo (o mesmo índice do dia 5 de setembro).

Os 46% de aprovação que Lula obteve significam um ponto percentual menor do que a aprovação máxima obtida por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que presidiu o país de 1995 a 2002. De acordo com o instituto, a melhor aprovação de Fernando Henrique foi de 47%, registrada em dezembro de 1996.

A maior aprovação do ex-presidente Itamar Franco (PRN), que governou de 1992 a 1994, foi de 41%, obtida quando o mineiro deixou a Presidência, em dezembro 1994, embalado pelo Plano Real. A maior aprovação ao governo de Fernando Collor de Mello, também do PRN, foi de 36% (1990-1992), verificados em junho de 1990, antes do seu impeachment.

Inclui Quadro [Os números da pesquisa: intenções de votos para presidente no 1º e 2º turno e avaliação do governo Lula]