Título: BERZOINI CONFIRMA ENTREGA DE CARTILHAS
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Fonte: O Globo, 13/09/2006, O País, p. 9

Governo pagou mas parte do material foi entregue ao PT para distribuir

BRASÍLIA. O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, confirmou ontem que o partido recebeu do governo federal um total de 929.940 cartilhas sobre as ações do governo para serem distribuídas, contestando estimativas iniciais de que teriam sido repassados pelo governo dois milhões de exemplares. O Tribunal de Contas da União está investigando o fato de a Secretaria de Comunicação de Governo (Secom) ter repassado em 2005 ao PT material sobre as ações de governo.

O número divulgado ontem por Berzoini coincide com o dado por assessores do ex-ministro Luiz Gushiken, responsável pela Secom naquele período. Os advogados de Gushiken já tinham informado ao TCU que foram repassados cerca de 900 mil exemplares. Na nota divulgada pelo site do PT, Berzoini critica o fato de o TCU estar divulgando essa investigação em pleno processo eleitoral.

Relator vê mistura de interesse público e privado

O relator do processo no tribunal, ministro Ubiratan Aguiar, considerou que há mistura dos interesses públicos e privados nesse episódio. Já o governo argumenta que corrigiu os erros e que as revistas são distribuídas basicamente por meio dos Correios.

Na nota divulgada pelo PT em seu site, Berzoini disse que o material foi distribuído na ocasião aos diretórios do partido e aos militantes, "além de disponibilizá-los em eventos para seus participantes". Segundo a nota, "os nomes dos responsáveis pelo recebimento, a quantidade de exemplares, a data do recebimento e as demais informações comprobatórias da utilização dessas cartilhas foram criteriosamente documentadas e estão à disposição do TCU".

Berzoini disse que é "estranho" a divulgação do caso nesse momento. Na nota, o presidente do PT disse que é função do TCU acompanhar e fiscalizar os gastos da União, "com isenção e imparcialidade". "O PT sempre apoiou a atuação desse instrumento de controle social. É estranho, porém, que a divulgação precipitada e distorcida desta notícia ocorra em plena campanha eleitoral, e seja tratada por alguns órgãos de imprensa como se já houvesse decisão contrária à distribuição. Isso é inaceitável", diz a nota, acrescentando: "Não é a primeira vez que isso ocorre. Há pouco tempo, em janeiro de 2006, a imprensa divulgou em manchetes um relatório de técnicos do TCU, relativo à compra da carteira de recebíveis do Banco BMG pela Caixa Econômica Federal. As matérias tentavam fazer crer que o TCU já teria se posicionado sobre o assunto, condenando a diretoria da CEF. Em 16 de junho passado, o plenário do TCU, por unanimidade, entendeu não haver irregularidades na operação, fato publicado timidamente pelos jornais."