Título: BOATE SÓ ENTREGA À POLÍCIA 3 CARTELAS
Autor: Daniel Engelbrecht
Fonte: O Globo, 13/09/2006, Rio, p. 18
Faltam as comandas de duas jovens, menores, que morreram no desastre
A Polícia Civil recebeu ontem, da boate Sky Lounge, as fitas do circuito interno de TV e as cartelas de consumo de três dos cinco jovens que morreram no acidente na Lagoa. Segundo o delegado da 15ª DP, Luiz Alberto Rodrigues de Oliveira, a boate não entregou as cartelas das adolescentes Joana Kuo Chamis, de 17 anos, e Manoela de Billy, de 16, que poderiam comprovar que houve venda de bebida para as menores.
- A boate tem até amanhã (hoje) para trazer a comanda das duas. Caso afirmem que não há comandas com esses nomes, eles terão que trazer todos os documentos entregues naquela noite para que possamos comprovar que elas não deram seus nomes na entrada - disse o delegado.
Motorista não teria comprado nada na boate
Segundo as comandas entregues ontem, o carona Felipe Tavares, de 22 anos, comprou no bar da boate apenas uma garrafa de água mineral e cinco latas de bebida energética. Já o motorista do Honda acidentado, Ivan Rocha Guida, de 18 anos, e sua namorada, Ana Clara Padilla, de 17, não compraram nada na boate, segundo as notas de consumo. As fitas de vídeo serão encaminhadas ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli.
O promotor Marcos Fagundes, da 3ª Promotoria de Infância e Juventude do Ministério Público estadual, encaminhou ontem ofício à 1ª Vara da Infância, Juventude e do Idoso, pedindo que sejam intensificadas as ações de fiscalização nas casas noturnas do município. O pedido teve como justificativa o acidente ocorrido há dez dias na orla da Lagoa.
- Sabemos que o juizado de menores realiza a fiscalização em casas noturnas e lan houses constantemente, mas, como os menores envolvidos no acidente estavam numa boate e podem ter ingerido bebida alcoólica, pedimos que a fiscalização seja aumentada - explicou o promotor.
Fagundes e outros promotores sugeriram também, há alguns meses, a criação de um Grupo de Apoio a Promotores (GAP) para auxiliar as Promotorias de Infância e Juventude na fiscalização do acesso de menores a locais impróprios e do consumo de bebidas alcoólicas. Um GAP já existe atrelado às Promotorias de Investigação Penal. O pedido foi encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, que ainda não se manifestou sobre o assunto.
Boate pode responder por permitir entrada de menores
Segundo o promotor, apenas com o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), que constatou que quatro dos cinco jovens beberam antes do acidente, não é possível afirmar que o consumo tenha ocorrido dentro da boate Sky Lounge. Dos cinco mortos, três eram menores e somente um não havia ingerido álcool. Fagundes destacou que a Sky Lounge pode ser responsabilizada também por ter permitido a entrada dos menores, se isso ficar comprovado.
COLABOROU Gustavo Goulart