Título: FMI ALERTA PARA RISCOS DE REDUÇÃO NO CRESCIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL
Autor: Gilberto Scofield Jr
Fonte: O Globo, 13/09/2006, Economia, p. 29

Fundo recomenda que países redobrem esforços para assegurar estabilidade

CINGAPURA. Os sinais de desaquecimento da economia americana e o aumento da inflação devido à alta nos preços de matérias-primas como o petróleo ameaçam reduzir o ritmo de expansão da economia mundial, afirmou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu "Relatório sobre Estabilidade Financeira Global". Jaime Caruana, diretor do Departamento de Mercados de Capitais Internacionais do FMI, disse que o sistema financeiro mundial está saudável, mas uma correção de rumo, especialmente nos emergentes, por causa desses fatores, teria um efeito mais devastador do que o observado em maio e junho últimos, quando a queda nas bolsas reduziu em US$2 trilhões o valor do mercado acionário global.

- Os mercados se mostraram resilientes, e o crescimento mundial se mantém. Por isso, os riscos aumentaram. Porque todos acreditam que novas crises serão enfrentadas com facilidade. Não é bem assim - afirmou Caruana, ao divulgar o relatório, na véspera da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, que começa hoje e vai até o dia 20, em Cingapura.

Ele alertou para o fato de que o desaquecimento do mercado imobiliário dos EUA já está afetando a economia americana, e muitos países têm elevado os juros para fazer frente à alta da inflação:

- Os formuladores das políticas monetárias de países ricos e em desenvolvimento devem redobrar e coordenar esforços para assegurar um sistema mais seguro.

Caruana elogiou os esforços dos países emergentes, como redução de déficits fiscais, aumento das reservas em moeda estrangeira e melhora no perfil da dívida do setor público - medidas tomadas pelo Brasil nos últimos meses. Segundo ele, o percentual de emergentes com dívida pública acima de 50% do PIB, ainda que represente um terço do total, está no menor nível desde a crise asiática, em 1997.