Título: PREÇO DO GÁS ACOMPANHARÁ COTAÇÕES EXTERNAS
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 13/09/2006, Economia, p. 32

Petrobras mudará fórmula em novos contratos, que vão seguir variação do óleo combustível no mercado internacional

Os preços do gás natural produzido no país passarão a ser reajustados com base nas cotações internacionais de uma cesta de óleos combustíveis, numa fórmula semelhante à usada na compra do insumo da Bolívia. O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, explicou que essa nova política de preços para o gás nacional ainda está em fase de detalhamento. Mas a idéia é adotá-la à medida que forem vencendo os contratos hoje em vigor com as distribuidoras.

O diretor da Petrobras garantiu que essas mudanças não representarão elevações de preços do gás nacional. Segundo ele, assim como ocorre com o gás boliviano, dependendo das cotações do óleo combustível na época das revisões de preços, poderá haver aumento ou queda.

Analistas acreditam que reajustes serão maiores

Mas, segundo alguns especialistas, com a adoção da nova fórmula, os preços do gás nacional passarão a ter reajustes maiores do que os atuais. O sistema hoje prevê a livre negociação entre a Petrobras e as distribuidoras.

O diretor da Petrobras, que ontem fez uma palestra na Rio Oil & Gas Expo 2006, assegurou que nenhum contrato em vigor será alterado. Ele explicou que as mudanças, quando definidas, serão a partir dos novos contratos. Segundo Sauer, a maioria dos contratos com as distribuidoras do Nordeste já venceu. As exceções são as empresas do Rio Grande do Norte e do Ceará.

O executivo da Petrobras afirmou que espera fechar esses novos contratos até o fim deste ano ou, no máximo, no início de 2007.

A Petrobras está analisando a adoção de três tipos de modelo. O primeiro é chamado de contrato firme e prevê a garantia do fornecimento do gás. Outro modelo será o contrato "interruptível", pelo qual a Petrobras pode suspender o fornecimento caso não tenha disponibilidade. Por último, haverá o contrato preferencial, fixando o volume e o período de recebimento, e que será usado para a venda futura do Gás Natural Liquefeito (GNL).

Preço de gás da Bolívia vai subir 5% a partir de outubro

A fórmula de reajuste de preços será semelhante à aplicada nos contratos com a Bolívia. O preço será composto por uma parcela referente ao transporte e por outra referente ao custo do produto. Essa última parcela passará a ser fixada com base nas cotações internacionais dos óleos combustíveis.

- Temos muitos contratos vencidos na Região Nordeste. A Petrobras tem um grande programa de investimentos, e ninguém faz um investimento do porte que estamos fazendo sem ter os contratos - argumentou Ildo Sauer.

Em relação ao gás importado da Bolívia, Sauer adiantou que seus preços deverão sofrer um reajuste da ordem de 5% a partir de 1º de outubro. O reajuste é trimestral e está previsto no contrato. No caso do gás fornecido à CEG no Rio e à Comgás, em São Paulo, não haverá mudanças agora porque os contratos não estão vencendo.