Título: INDÚSTRIA PAULISTA FECHOU 5 MIL VAGAS EM AGOSTO
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 13/09/2006, Economia, p. 32

Recuo no emprego foi de 0,26%. Fiesp culpa política econômica por esfriar o setor nos últimos meses

SÃO PAULO. O nível de emprego na indústria paulista registrou queda de 0,26% em agosto, o equivalente ao fechamento de 5.000 postos de trabalho no mês. De acordo com pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi o pior resultado desde dezembro de 2005 (-1,62%). Ainda como comparação, em agosto de 2005 o indicador havia fechado com alta de 0,42%.

Com essa queda, que apareceu depois de dois meses consecutivos próximos de zero (0,02% em junho e 0,07% em julho), a Fiesp reduziu sua projeção para o emprego no fechamento do ano. A estimativa caiu de 2% para 1%, que, se confirmada, vai corresponder à abertura de 20 mil novas vagas. O acumulado nos últimos 12 meses até agosto está em 1,27%, o equivalente a 26.000 postos.

- Não diria que houve uma antecipação (das demissões). Isso é conseqüência do que aconteceu no passado recente, do esfriamento da atividade da indústria que sofre as consequência da política econômica - afirmou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, lembrando que há defasagem de até três meses entre a queda da produção e seu efeito no emprego.

No setor de veículos e autopeças, queda foi de 0,6%

Historicamente, agosto não é um mês de demissões. Segundo Francini, o resultado do mês passado reflete as dificuldades de vários setores para lidar com a valorização do real, que tem levado à substituição de produção local por importados. Ele também culpa a política monetária, que estabelece juros reais acima de dois dígitos.

- O governo fez uma política para uma meta de inflação de 4,5% em 2006, mas as pesquisas mostram um índice abaixo de 3,5%. Esse pequeno erro da equipe econômica nos custará um ponto percentual de variação no PIB e 400 mil novos empregos no país - criticou.

No setor de alimentos e bebidas, que geram cerca de 15% dos empregos industriais, a retração foi de 0,52%. Em veículos e autopeças, responsável por 9,9% das vagas em São Paulo, a queda chegou a 0,62%.

INCLUI QUADRO: OS INDICADORES