Título: EMPRESÁRIOS PEDEM META DE CRESCIMENTO
Autor: Rodrigo March
Fonte: O Globo, 15/09/2006, O País, p. 3

Furlan organiza jantar para Lula, que recebe sugestão para ser duro com a Bolívia

BRASÍLIA. Entrando na reta final da campanha e em situação vulnerável junto a setores do empresariado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a se encontrar com um grupo de 20 empresários para discutir as propostas para um possível segundo mandato. O jantar, o terceiro nas últimas semanas, foi organizado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, em sua residência em Brasília. Os convidados têm em comum o interesse pela área de comércio exterior. Entre os presentes estavam Eugênio Staub, do grupo Gradiente; Gustavo Marin Garat, do Citibank; Paulo Tigre, presidente da Fiergs; Rogério Oliveira, IBM; Valter Fontana, Sadia ; e Benjamin Steinbruch, da CSN.

No jantar, Steinbruck defendeu a inclusão de metas de crescimento no programa de governo. Sobre a situação da Petrobras na Bolívia, os empresários criticaram a posição dos negociadores brasileiros, cobrando medidas mais enérgicas para proteger o patrimônio brasileiro.

Ao chegar ao jantar, o presidente Lula comentou a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que anteontem decidiu abrir tomada de contas especial para investigar irregularidades para a confecção de cinco milhões de revistas e encartes com propaganda do governo, produzidas pela Secretaria de Comunicação (Secom). Parte desse material foi distribuído para diretórios do PT. Também há suspeita de superfaturamento.

¿ O TCU faz isso a vida inteira. Queremos o TCU, o Ministério público, a Policia Federal e a CGU como instrumentos para uma política transparente. Não vejo problema. A Oposição fala o que quiser ¿ disse Lula.

Mais cedo o presidente se reuniu, no Planalto, com um grupo de empresários gaúchos para analisar a situação da economia do Rio Grande do Sul. Ele está atrás do candidato tucano, Geraldo Alckmin, nas pesquisas de intenção de votos no Sul. Os empresários apresentaram a Lula pauta de reivindicações com quatro itens, mas o governo, segundo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não se comprometeu com os pedidos. Na pauta estão: investimento no agronegócio, desoneração das exportações, desenvolvimento do pólo tecnológico e renegociação da dívida do Estado.

¿ O Rio Grande do Sul vive momento de dificuldades, não só pela estiagem, mas um momento da economia gaúcha, em comparação ao resto do Brasil ¿ disse o presidente da Fiergs, Paulo Tigre.

A ministra lembrou que o governo abriu linha especial de financiamento para setores da economia gaúcha, como moveleiro, de máquinas e equipamentos e coureiro-calçadista, mas disse que não há compromisso do governo de atendimento destas reivindicações.

¿ É imprescindível que o governo reconheça que o Rio Grande do Sul tem situação especial ¿ disse Dilma, citando três períodos de seca no estado.