Título: EMPREGO NA INDÚSTRIA VOLTA A CRESCER
Autor: Luciana Brafman
Fonte: O Globo, 15/09/2006, Economia, p. 31

Em julho, após nove meses de queda no país, IBGE registrou alta de 0,3%

Após nove variações negativas consecutivas, o emprego na indústria brasileira avançou 0,3% em julho, em comparação ao mesmo mês do ano passado. A taxa também cresceu 0,3% em relação a junho, na série livre de influências sazonais. Mas, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), divulgados ontem pelo IBGE, a alta não foi suficiente para mudar o sinal das taxas acumuladas tanto no ano como em 12 meses, que ainda apresentam recuo de 0,4%.

Segundo o economista André Macedo, do IBGE, embora negativa, a taxa acumulada no ano apresentou uma melhora. Passou de -0,6% em maio para -0,5% em junho e, agora, -0,4%. Ele diz que o emprego vem acompanhando, com uma magnitude menor, ¿o crescimento suave da produção industrial¿.

Macedo ressalta que o Sul vem influenciando negativamente a taxa. No Rio Grande do Sul, o emprego industrial caiu 8,6% em comparação a julho de 2005, com queda de 20% no setor de calçados e artigos de couro. No Paraná, o recuo foi de 1,1%, influenciado pela indústria madeireira (-9,2%).

¿ Em contrapartida, o setor de alimentos e bebidas vem se destacando como gerador de vagas no país ¿ disse Macedo.

O pessoal ocupado nesse segmento aumentou 6,6%. No Rio, foi o principal responsável pela alta de 1,2% no emprego industrial. Em São Paulo, cresceu 10,5%, também influenciando a taxa geral, que variou 1,4%.

Além de alimentos e bebidas, apenas mais seis setores ¿ entre 18 ramos ¿ tiveram alta: refino de petróleo e produção de álcool (15,2%); metalurgia básica (3,0%); máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos de precisão e de comunicações (5,1%); fabricação de meios de transporte (2,2%); produtos químicos (1,3%); e indústria extrativa (1,9%). O problema, de acordo com o Institutos de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), além da concentração, é que a ¿maioria não é intensiva em mão-de-obra.¿

A folha de pagamento na indústria registrou alta de 1,9% ante julho do ano passado. Em relação a junho deste ano, porém, houve retração de 0,2%. No acumulado do ano, a variação é positiva, de 0,9%. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, os salários subiram 1,7%.

De acordo com o Iedi, o recuo de 1,2% (sobre junho) no número de horas pagas aos trabalhadores, ¿sugere que a performance do emprego industrial continuará modesta no futuro próximo¿.