Título: NILMÁRIO ATACA: `É UM GOVERNO FRACO DE IMAGEM FORTE¿
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 17/09/2006, O País, p. 18

Para oposição, Aécio tem influência na mídia regional e barra investigações na Assembléia

BELO HORIZONTE. Depois de quatro anos de relações cordiais na política mineira, a calmaria foi quebrada nas últimas semanas e o governador Aécio Neves (PSDB-MG) passou a ser atacado pela oposição. As principais críticas são do candidato do PT ao governo de Minas, Nilmário Miranda (PT), ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos do governo Lula. A acusação é de que Aécio tem uma influência grande junto à mídia mineira e consegue neutralizar o noticiário negativo:

¿ Aécio tem direito de resposta permanente para todo noticiário contra o governo. Ele controla a mídia e consegue passar a imagem de uma pessoa cordial, boa, e de que o seu governo é eficiente. Mas este é um governo fraco de imagem forte ¿ ataca Nilmário Miranda.

As acusações são contestadas pela campanha de Aécio, que ganhou direito de resposta no programa eleitoral depois que o petista apresentou vídeo com declarações de jornalistas que teriam sido demitidos da imprensa mineira por pressão do governador tucano. A assessoria de Aécio confirma que pede direito de resposta e que nenhuma crítica fica sem esclarecimento. Mas Aécio nega que faça qualquer tipo de controle da mídia.

¿ Isso é um desrespeito com a imprensa mineira. O que existe em Minas, e que talvez incomode os meus adversários, é a ausência de escândalos ¿ rebate Aécio.

Para Nilmário, a maior prova de que há controle da mídia regional foi a divulgação do ¿déficit zero¿ em 2004, campanha de Aécio sobre o saneamento das contas públicas. Nilmário diz que a evolução da dívida mineira com a União subiu de R$34,7 bilhões em 2002 para R$45,7 bilhões em 2005, e o choque de gestão de Minas foi em cima do congelamento dos salários.

O candidato a vice-governador do PSDB e ex-secretário do Planejamento do governo, Antonio Augusto Anastasia, rebate:

¿ Nilmário não entende ou usa de má-fé. Déficit zero é equilíbrio orçamentário. A receita é suficiente para as despesas. É simples, mas não acontecia há dez anos.

Nilmário diz que houve desvio de recursos da saúde, pois a determinação constitucional é de que o estado gaste 12% dos recursos no setor. Mas ele diz que só 6,7% dos recursos foram aplicados em saúde, e o restante foi para saneamento. No ano passado, com base num relatório do Tribunal de Contas do Estado, o deputado estadual Rogério Correia (PT) recolheu assinaturas para abrir a CPI da Saúde, mas o governo conseguiu evitar a investigação.

¿ Quando tínhamos 26 assinaturas, o governador jogou pesado e impediu a CPI ¿ afirma Correia.

Para Anastasia, a denúncia de desvio dos recursos é infundada, pois a emenda constitucional 29, que determina o gasto com a saúde, não foi regulamentada, e cada estado adota critérios próprios.