Título: ESPECIALISTAS DEFENDEM NOVA REFORMA DO SISTEMA
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 17/09/2006, Economia, p. 36

Entre as propostas está a desvinculação do piso previdenciário do salário mínimo nacional

BRASÍLIA. O fraco desempenho da operação de encontro de contas dos contribuintes com a Previdência Social mostra que apenas medidas de gestão não serão suficientes para resolver o problema do pesado déficit do INSS, segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO. Apesar de a equipe econômica já ter deixado claro que aposta em ações como o censo previdenciário e o combate a fraudes para atenuar um rombo que já chega a mais de R$20 bilhões em 2006, o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Fabio Giambiagi e o ex-ministro da Previdência José Cecchin destacam que uma nova reforma é urgente.

Entre as mudanças propostas estão a desvinculação entre o piso previdenciário e o salário mínimo. Isso porque toda vez que o governo promove um reajuste do mínimo, a Previdência sofre impacto nos benefícios de dois de cada três aposentados. Também é proposto que as aposentadorias sejam corrigidas por um índice de preços a ser definido por lei.

¿ Medidas de gestão são apenas paliativos. O que o Brasil precisa é de uma nova reforma da Previdência ¿ diz Cecchin.

Ele reconhece que a realização do censo e o combate a fraudes ¿ que inclui o encontro de contas dos contribuintes e a integração do trabalho de fiscalização entre Receita Federal e Receita Previdenciária ¿ têm sido importantes. Mas Cecchin lembra que os gastos do INSS têm subido num ritmo bem mais elevado.

Participação de idosos deve dobrar em 25 anos

Segundo Giambiagi, os gastos do Brasil com aposentadorias, pensões e auxílio-doença representavam 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto das riquezas produzidas no país) em 1988. Em 1994, esse valor saltou para 5% do PIB e hoje está em 8%. Além disso, ele destacou que a participação de pessoas com mais de 60 anos na população do país deve dobrar em 25 anos, o que agrava o quadro.

¿ O aumento das despesas do INSS é o problema fiscal mais importante do Brasil ¿ disse Giambiagi.

Segundo o documento ¿Uma Agenda Macroeconômica para 2007¿, elaborado por Giambiagi e pelo também economista do Ipea Paulo Levy, a reforma da Previdência é um dos elementos essenciais para que o Brasil consiga aumentar os investimentos e ter crescimento econômico em torno de 5% do PIB nos próximos anos. (Martha Beck)