Título: LIVRO ROMPE TABU E RELATA VIDA SEXUAL DE POLÍTICOS
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 17/09/2006, O Mundo, p. 46

Relatos extraconjugais fazem sucesso

PARIS. Sexo e política na França nunca se casaram. Ou melhor: sempre viveram juntos mas nunca chegaram às primeiras páginas dos jornais. Desafiando uma regra básica da política francesa, um novo livro, ¿Sexus politicus¿, colocou em 390 páginas o dedo onde nenhum politico francês ousa tocar: o livro relata a vida amorosa dos líderes do país. Isto é, de seus casos extraconjugais.

São políticos de todas as crenças, da direita à esquerda. Divergem ideologicamente, mas dividem a mesma paixão, o sexo extraconjugal. O livro descreve as manobras que o atual presidente Jacques Chirac e seus antecessores, François Mitterrand e Valery Giscard d¿Estaing, fizeram para esconder suas amantes. Sempre ajudados por uma imprensa que fecha os olhos para assuntos tão pessoais.

O simples fato de que um livro tenha sido escrito sobre o assunto na França é revelador. Os franceses sempre se gabaram de serem diferentes dos Estados Unidos. Eles nunca entenderam por que o ex-presidente americano Bill Clinton quase caiu do poder por causa de um escândalo sexual com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky.

¿ Todos estes políticos (relatados no livro) se apresentam como pessoas idôneas. Mas quase todos os políticos franceses homens são mulherengos compulsivos¿ disse Christophe Dubois, co-autor do livro junto com Christophe Deloire.

O curioso é que o livro foi escrito com a ajuda dos próprios políticos citados. Muitos concordaram em comentar suas façanhas amorosas, conta Dubois.

¿ Quebramos um tabu ¿ comemorou o autor.

Um ex-ministro visto num swing (troca de casais), uma amante que tentou suicídio. O livro faz a festa das revistas de fofocas. Algumas histórias são conhecidas, como a de Mitterrand. A sua fama de mulherengo corria a França inteira na época em que estava no poder. O livro relata como Mitterrand teve relações com as mesmas mulheres que alguns de seus assessores mais próximos, como por exemplo, seu motorista. Quando Mitterrand revelou à França que tinha uma filha ilegítima, a reação generalizada foi: e dai? Chirac, de acordo com os autores, escapava depois da meia-noite para encontros amorosos e não hesitou em usar recursos do Estado para levar sua amante com ele em viagens ao exterior.

¿ Você sabe onde meu marido está hoje à noite? ¿ teria perguntado Bernadette, mulher de Chirac, ao motorista, na noite em que a princesa Diana morreu num acidente de carro em Paris. (D.B.)