Título: Franceses não são mais machistas que outros¿
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 17/09/2006, O Mundo, p. 46

PARIS. Os franceses estão prontos para eleger uma mulher presidente, segundo Henri Rey, especialista do Centro de Estudos da Vida Política Francesa. Mas ele acha que ainda é cedo para avaliar as chances de Ségolène derrotar Sarkozy. Por um motivo: ainda não houve um debate que os opusesse.

O que explica o fenômeno Ségolène Royal ?

HENRI REY: Difícil explicar. De um lado, é uma candidatura feminina. Há também o fato de sua linguagem se afastar da linguagem tradicional dos políticos. Ela se mostra mais flexível em questões sociais.

O senhor acha que os franceses estão prontos para eleger uma mulher?

REY: Sim, eles não são mais atrasados do que os alemães! Vários países têm hoje mulheres no poder, como o Chile. Os franceses não são mais machistas que os outros. Acho que ser mulher é uma vantagem, um elemento favorável.

Diante de Nicolas Sarkozy, que dificuldades Ségolène poderia encontrar?

REY: Até agora não houve um debate que os opusesse. Sarkozy é um grande debatedor. E as campanhas presidenciais se definem cada vez mais nos debates da TV.

Que temas vão esquentar a campanha eleitoral francesa, a imigração?

REY: É cedo para dizer. Imigração é um dos temas. Mas analisando as sondagens, o tema que mais motiva o eleitorado hoje é o desemprego, o poder de compra. E sobre questões como imigração, as diferenças não são tão grandes entre os dois. Essa é a originalidade desta campanha. Sarkozy, ao mesmo tempo em que se mostra rigoroso contra a imigração clandestina, é contra a pena dupla (a expulsão do país após o cumprimento da pena). Ségolène critica a forma com Sarkozy trata os clandestinos, mas defende uma política rigorosa em relação à imigração clandestina. E sobre desemprego e economia ainda não ouvimos nada deles. (D.B)