Título: GEDIMAR: ORDEM PARTIU DA EXECUTIVA DO PT
Autor: Alan Gripp e Anselmo Carvalho Pinto
Fonte: O Globo, 19/09/2006, O País, p. 10

Advogado preso com R$1,7 milhão diz que havia também a intenção de ocultar provas contra petistas sanguessugas

CUIABÁ. O advogado e ex-policial federal Gedimar Pereira Passos disse, em depoimento à Polícia Federal, que foi contratado pela executiva nacional do PT para negociar com o empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, o dossiê oferecido por ele contra os candidatos do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e à Presidência, Geraldo Alckmin.

O advogado disse que foi contratado ¿para advogar no sentido de fazer uma análise jurídica da documentação que seria transacionada com a família Vedoin¿, o que aconteceria no dia em que foi preso (sexta-feira passada).

O pacote negociado entre os emissários do PT e Vedoin, incluía, além do dossiê contra Serra, informações que supostamente incriminariam petistas envolvidos com o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. No depoimento, Gedimar indica que o silêncio de Vedoin sobre os petistas era parte do negócio. ¿A família Vedoin se dispôs a vender informações graves que comprometiam não só políticos de outros partidos como políticos do PT¿, disse ele aos agentes federais.

¿ O depoimento mostra que o partido teria se movimentado para comprar as informações, mas também para suprimir provas ¿ comentou uma autoridade que participa das investigações.

PF analisa prisão de Freud

Gedimar afirmou que recebeu a ordem de um homem chamado ¿Froud ou Freud¿, que a polícia acredita ser Freud Godoy, assessor especial do presidente Lula. ¿Foi a mando de uma pessoa de nome Froud ou Freud, que, segundo consta, tem uma empresa de segurança no Rio/SP¿, contou.

Segundo o advogado, se a análise dos documentos fosse positiva, ¿passaria o restante do dinheiro a Valdebran¿. Valdebran Padilha da Silva, que é filiado ao PT de Mato Grosso, foi preso com Gedimar em São Paulo. Com os dois, os agentes apreenderam R$1,7 milhão. O dinheiro pagaria não apenas o dossiê, mas uma entrevista a uma revista de circulação nacional, cujo nome não soube informar. Gedimar contou que, naquele dia, havia entregado R$1 milhão no momento em que a entrevista estava sendo concedida em Cuiabá. O restante só seria liberado, segundo ele, se o dossiê fosse aprovado.

Na mesma sexta-feira, a ¿Isto É¿ publicou entrevista de Vedoin e seu pai, Darci Vedoin, na qual eles afirmaram ter encontrado mais facilidade para obter a liberação de recursos para a compra de ambulâncias na gestão de José Serra no Ministério da Saúde.

Gedimar foi além: disse que a revista que não identificou também deu dinheiro para que o negócio com os Vedoin fosse fechado. Isso, segundo ele, porque o PT não pôde levantar o dinheiro acertado com o chefe dos sanguessugas. ¿Os R$2 milhões estavam fora (das possibilidades) do caixa do PT e para tanto ofereceram a uma importante revista de circulação nacional a sociedade na compra das informações¿, contou.

Hoje, a PF de Cuiabá vai analisar o depoimento de Freud Godoy, prestado ontem em São Paulo, e poderá pedir sua prisão temporária à Justiça Federal se achar que há risco de ele eliminar provas da operação. Também ouvirá hoje novos depoimentos de Gedimar e Valdebran e, se encontrar contradições, pode fazer uma acareação entre eles, Luiz Antônio Vedoin e seu tio, Paulo Roberto Trevisan, preso ao tentar embarcar para São Paulo com o dossiê.