Título: CPI QUER CONVOCAR FREUD PARA EXPLICAR DOSSIÊ
Autor: Evandro Éboli/Bernardo de la Peña/Gerson
Fonte: O Globo, 19/09/2006, O País, p. 14

José Jorge, vice de Alckmin, acusa ex-assessor de ter ligação com grupo suspeito do assassinato de Celso Daniel

BRASÍLIA. Os representantes da oposição na CPI dos Sanguessugas pedirão a convocação de Freud Godoy, ex-assessor do presidente Lula, para prestar depoimento e explicar a sua suposta participação na tentativa de compra de um dossiê contra os candidatos tucanos à Presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo de São Paulo, José Serra.

Numa frente, a oposição tentará investigar o caso na CPI. Em outra, deverá investir na divulgação do assunto no horário eleitoral, na tentativa de vincular o caso ao presidente. Isso porque o requerimento para a convocação de Freud só poderá ser analisado na reunião marcada para o dia 4 de outubro, depois das eleições.

O presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou que vai analisar os requerimentos e que tudo será investigado. Foi cauteloso, contudo, ao falar do envolvimento de Freud. Explicou que estará em Brasília hoje para analisar o que foi apurado. Ele defendeu ainda que as extorsões feitas por Vedoin a políticos e empresários sejam investigadas pela CPI.

Senador cobra divulgação de imagem do dinheiro

O candidato à vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin, o senador José Jorge (PFL-PE), acusou ontem Freud Godoy de envolvimento com o grupo acusado de assassinato do então prefeito de Santo André Celso Daniel.

- Freud Godoy era dono de uma empresa de vigilância em São Paulo na época da morte do prefeito Celso Daniel. Ele era dono da empresa que fazia a segurança da Prefeitura de Santo André, o Freud. Portanto, ele era ligado a todo aquele esquema. É amigo de Ronan Maria Pinto e de Sérgio Gomes, o Sombra. Dos três envolvidos, ele era amigo dos dois principais, o Sombra e o Ronan Maria Pinto - discursou o senador, na tribuna, informando que Ronan tinha negócios em Mato Grosso.

José Jorge cobrou do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, a divulgação da imagem do R$1,7 milhão que seria usado para comprar o dossiê.

- Fazemos um apelo para que, como foi feito no Maranhão, se mostre a fotografia desse dinheiro; queremos ver a fotografia dos envolvidos, além dos seus depoimentos, porque estamos num processo eleitoral, e essa coisa é de extrema gravidade - disse, numa referência ao caso Lunus, dinheiro de caixa dois encontrado para pagar despesas da campanha da senadora Roseana Sarney em 2002.