Título: SOCIALISTA ENCOSTA EM SARNEY NO AMAPÁ
Autor: José Meirelles Passos/Lydia Medeiros/Cássio Bruno
Fonte: O Globo, 19/09/2006, O País, p. 18

Diferença é de sete pontos percentuais

BRASÍLIA. O que antes ainda era uma incerteza agora já é realidade. Os 50 anos de vida pública do senador José Sarney (PMDB-AP) estão ameaçados por uma mulher de 40 anos de idade. Cristina Almeida (PSB), que disputa com Sarney uma vaga para o Senado pelo Amapá, subiu 11 pontos percentuais nas pesquisas e está agora a sete pontos de distância de Sarney.

De acordo com a última pesquisa Ibope, divulgada no sábado, Cristina subiu de 29% das intenções de voto para 40%. Sarney, por sua vez, caiu de 50% para 47%. A margem de erro é de três pontos percentuais, o que pode significar, no limite, que a candidata do PSB tenha 43%, e Sarney, 44%.

A pesquisa apontou que o senador e ex-presidente da República, que desde 1990 ocupa uma cadeira no Senado pelo estado do Amapá, apesar de ter feito carreira no Maranhão, tem o maior índice de rejeição: mais de um terço do eleitorado (37%) diz não votar nele de jeito nenhum. Cristina é rejeitada por 24%.

Segundo o Ibope, a candidata do PSB tem mais votos entre os eleitores mais instruídos: 46% dos que dizem votar nela estão entre os que possuem nível médio ou superior de escolaridade. Sarney tem mais votos entre os eleitores com menos instrução educacional. O Ibope aferiu que 47% entre os que estudaram até a 4ª série do ensino fundamental dizem que votarão nele.

A coordenadoria da campanha de Sarney menosprezou os números. O senador Gilvan Borges (PMDB-AP) disse que já esperava a subida de Cristina nas pesquisas, mas, para ele, a candidata já chegou no seu limite. Segundo ele, Sarney já estaria com "13 pontos à frente". Para Gilvan, "os aliados redobraram os esforços".

Sarney tem o apoio de todos os 16 prefeitos do estado e de 95% dos deputados estaduais, além do governador Waldez Góes (PDT), candidato à reeleição. Ele também tem mais de três minutos de propaganda no rádio e na TV.

- Tivemos uma reação imediata. Como ele estava bem à frente nas pesquisas, houve uma acomodação das forças aliadas, que se preocuparam mais com a campanha do governador e dos deputados. Mas isso já foi resolvido - disse Gilvan.

Procurada, a candidata Cristina Almeida não quis falar sobre o assunto.