Título: PF pedirá ajuda ao Fed para identificar dólares
Autor: Jaílton de Carvalho/Cristina Coghi
Fonte: O Globo, 20/09/2006, O País, p. 10

Maços de notas de US$100 tinham selo do BC americano; polícia quer saber de que agência veio o dinheiro

BRASÍLIA E SÃO PAULO. O delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, que chefia as investigações sobre o dossiê contra os candidatos tucanos à Presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo de São Paulo, José Serra, pedirá a ajuda de instituições internacionais de cooperação financeira para identificar a origem dos dólares apreendidos com o empresário Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Passos, sexta-feira passada, em São Paulo. Na primeira análise do caso, a polícia descobriu que o pacote de US$ 248.800 encontrado com Gedimar e Valdebran é formado por notas seriadas, conforme divulgou o GLOBO ontem.

Para os investigadores, a pista indica que o dinheiro foi sacado de uma instituição financeira antes de chegar às mãos de Gedimar e Valdebran. Diógenes Curado quer saber se o Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, tem condições de informar em que banco e até em que agência estavam os dólares apreendidos. Com essa informação, Curado chegaria rapidamente ao nome do sacador e provável dono dos dólares. Os maços de notas de US$100 tinham até o selo do Fed.

A PF apreendeu US$139 mil em poder de Gedimar e US$109.800 com Valdebran. Com a dupla foi apreendido também R$1,1 milhão em notas de R$50 e R$20. Segundo um delegado, o dinheiro foi depositado no Banco Central. A polícia está fazendo as investigações a partir de um inquérito sobre lavagem de dinheiro aberto em Cuiabá. A PF também pediu à 2ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso a quebra dos sigilos dos telefones usados por Gedimar e Valdebran no Hotel Ibis diante do Aeroporto de Congonhas, onde os dois foram presos sexta-feira.

A polícia pediu ainda cópias das imagens dos dois feitas pelo circuito interno de TV do hotel e acesso ao extrato dos cartões de crédito da dupla. Segundo um policial, os investigadores vão levantar informações até com o motorista de táxi que os transportou antes da prisão.

Diretor do BB é investigado

De acordo com o Ibis, as imagens gravadas semana passada pelo circuito interno foram entregues à polícia anteontem. Gedimar e Valdebran foram detidos no quarto 479. Ontem, a PF pediu autorização à Justiça Federal para examinar as imagens. Por determinação da diretoria do Ibis, a lista de hóspedes é mantida em sigilo. Funcionários evitam comentar sobre hóspedes ou visitantes de nome André, que tenham passado no hotel entre quarta e quinta-feira.

No depoimento à PF, Gedimar disse que teria recebido R$1 milhão de uma pessoa branca, cabelo castanho e cerca de 45 anos, que estava num táxi. A outra parte, segundo o depoimento de Gedimar, teria sido entregue "ao André", que descreveu como branco, de aproximadamente 1,75m, cabelos castanhos curtos e também idade aproximada de 45 anos. Receosos, os funcionários do hotel dizem apenas ignorar a descrição.

Em seu depoimento, Valdebran diz que Gedimar estava acompanhado de um homem que disse se chamar Expedito. O jornalista Ricardo Noblat informou em seu blog que seria Expedito Afonso Veloso, diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil. O BB informou que Expedito Veloso tirou licença do banco para trabalhar na campanha de Lula. A PF investiga se o diretor do BB foi quem entregou o dinheiro a Valdebran.

(*) Especial para O GLOBO

www.oglobo.com.br/pais/eleicoes2006

Inclui Quadro [Relações cruzadas: descrição das relações entre o presidente Lula, Ricardo Berzoini, Freud Godoy, Ricardo Berzoini, Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas, Gedimar Passos e Valdebran Carlos Padilha]