Título: FREUD MORA EM APARTAMENTO DE LUXO
Autor: Isabel Braga/Raquel Miura
Fonte: O Globo, 20/09/2006, O País, p. 11

Mulher dele estava na casa onde funciona filial da empresa e se recusou a falar

SÃO PAULO. Um dia depois de ser apontado como o homem que estaria por trás da compra de um dossiê contra os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, Freud Godoy optou ontem pelo silêncio. Em Santo André, no ABC, onde mora e mantém uma empresa de segurança particular em nome de sua mulher, Simone Messeguer Pereira Godoy, Freud não foi localizado. Simone disse que o marido tinha prestado esclarecimentos à PF e que não tinha mais o que explicar, assim como ela própria, que aconselhou os repórteres a procurar o advogado da família.

Simone informou que eles não moram na casa registrada em nome do marido em Santo André. No sobrado de esquina, onde eram vistos equipamentos de ginástica numa das varandas, funcionaria apenas a filial da Caso Comércio de Serviços, empresa de segurança que presta serviços ao PT. Um carro com o logotipo da empresa permaneceu na porta da casa durante a tarde.

- Aqui é uma filial da nossa empresa. Não moramos aqui. Não queremos mais falar no assunto - disse ela, ao lado de quatro pessoas da família, entre eles filhos de Freud do primeiro casamento.

Família teme que telefones estejam grampeados

De óculos escuros, cabelo preso, Simone havia chorado minutos antes quando conversava com uma equipe de TV sobre denúncias que pesam sobre seu marido. Ela não gravou entrevista. O sobrado, num bairro de periferia à margem da Avenida do Estado, fica em frente à casa de parentes onde Simone usava o telefone de vez em quando. Os petistas estariam preocupados com a possibilidade de que telefones de Freud estivessem grampeados.

Longe da família, Freud teria passado o dia sozinho num apartamento avaliado em R$600 mil que mantém numa área valorizada no Centro de Santo André. Como assessor da Presidência, o salário de Freud é de R$6.300. No prédio também mora Klinger Luiz de Oliveira Souza, ex-vereador do PT acusado de envolvimento na morte do prefeito Celso Daniel, em janeiro de 2002. Os porteiros informaram que Freud saíra pela manhã. Seu carro, um EcoSport ano 2005, ficou estacionado durante todo o dia em frente ao sobrado na periferia da cidade.

Promotor descarta relação com morte de Celso Daniel

Um dia depois de o senador José Jorge (PFL), candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin, acusar Freud de ter ligação com empresários que tiveram os seus nomes relacionados à morte de Daniel, a Promotoria Criminal de Santo André informou ontem que em nenhum momento das investigações o nome de Freud foi citado em qualquer depoimento, seja da defesa ou acusação.

- Ese nome nunca foi citado. Esse nome seria difícil esquecer - disse o promotor Roberto Wider.