Título: EMPRESÁRIOS E ATÉ JUIZ SÃO PRESOS E PF PERMITE FOTOGRAFIAS DA OPERAÇÃO
Autor: Cássio Bruno
Fonte: O Globo, 20/09/2006, O País, p. 15

Procedimento da Polícia Federal é diferente do adotado no caso do dossiê

RECIFE E SÃO LUÍS. A Polícia Federal desencadeou ontem duas grandes operações. Na Operação Sansão, foram presas nove pessoas no Maranhão, no Pará, no Ceará, en Pernambuco e em Minas Gerais, todas acusadas de fraudar processos judiciais para movimentar contas bancárias de terceiros, através de um esquema que envolvia juízes, advogados, servidores públicos e empresários. Em Pernambuco, um juiz foi preso na Operação Mãos Dadas.

A Operação Sansão investigava há dois anos os passos de uma quadrilha articulada a partir do Maranhão, sob comando do empresário Francisco Dantas de Araújo. O esquema funcionava a partir de informações sobre clientes de alto poder aquisitivo conseguidas por Dantas, acusado de chefiar a quadrilha, em agências bancárias da Caixa Econômica Federal e do extinto Banco do Estado do Maranhão. Geralmente tratavam-se de aposentados, que não movimentavam suas contas, ou pessoas já falecidas. Em seguida, eram forjados documentos de confissão de dívida e até testamentos, que serviam de base para uma ação judicial para a liberação dos recursos junto aos bancos.

- Eles agiam de maneira articulada nos estados, aproveitando as informações privilegiadas conseguidas pelo Chico Dantas - explicou o delegado responsável pela operação, Sandro Augusto Santos.

Entre os outros envolvidos estão o juiz André Rui Cavalcante de Albuquerque, da 1ª Vara Cível de Jaboatão dos Guararapes (PE), e o oficial de Justiça Moacir Monroe Ferreira, que agia em São Luís (MA), forjando notificações com endereços falsos.

No Ceará, foi preso o ex-delegado da Polícia Civil do Pará, Mário Sérgio Gonzalez de Oliveira, e no Pará, o empresário Paulo Ricardo Rott Brazeiro.

Em Pernambuco, a Operação Mãos Dadas combateu esquema semelhante ao descoberto no Maranhão. Além do juiz André Rui Cavalcante, foram presos o empresário Davino Mauro Tenório da Silva, sua irmã Marilene Tenório da Silva e o advogado José Carlos Robalinho de Barros. O quarteto teve mandado de prisão cumprido pelas duas operações.

* Especial para O GLOBO