Título: Oposição vai ao ataque e fala em crise institucional
Autor: Adriana Vasconcelos/Chico de Gois
Fonte: O Globo, 20/09/2006, O País, p. 17

Da tribuna do Senado, líderes do PSDB e PFL apelam ao povo para levar eleição presidencial ao segundo turno

BRASÍLIA. A oposição montou palanque ontem no Senado e os principais líderes do PSDB e do PFL foram para a tribuna fazer um alerta sobre o risco de o Brasil enfrentar uma crise institucional. Apelaram para que o povo leve a eleição presidencial para o segundo turno. Eles avisaram, em discursos inflamados, que não pretendem dar trégua ao governo diante das suspeitas de envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), na compra de um dossiê contra candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra.

- As instituições brasileiras estão ameaçadas. Está no horizonte uma crise institucional. Essa gente que está aí não tem apreço pela democracia e precisa ser detida pelo povo. - disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Para o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), está em jogo a moral do país. Ele avisou que Lula não terá paz, nem se for reeleito:

- Enquanto não explicarem de onde veio o dinheiro, não terão paz. O presidente não vai ter paz, nem ganhando a eleição, se não der essas explicações.

"Esta Casa deve se preparar"

Informado sobre a divulgação da nota da revista "Época" atestando o envolvimento direto de Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho e de Berzoini, no escândalo da compra do dossiê contra Serra, Tasso acrescentou:

- Essa informação é gravíssima e envolve o presidente do PT nessa tramóia. Esta Casa deve se preparar para um embate muito duro, porque a República está podre.

Ainda irritado por ter sido comparado por Lula a um hamster, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) partiu para o ataque:

- Ele (Lula) é um rato etílico. Na sua passagem pela Bahia, estava completamente bêbado. O presidente perdeu as condições de governar o país e o Palácio do Planalto virou um antro do crime e do roubo.

Só dois petistas foram ao plenário do Senado para defender o presidente. Mas com atraso.

- Esse episódio tem de ser condenado de público, mas posso assegurar que o presidente Lula jamais participaria disso - disse Sibá Machado (AC).

- Isso é o absurdo dos absurdos. Não posso acreditar - disse Saturnino Braga (RJ).

HH: dinheiro é do crime organizado

A candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL) , afirmou que o dinheiro apreendido com o advogado Gedimar Passos e o empresário petista Valdebran Padilha, "só pode ser originário do crime organizado":

- Não sei como é que aparece tanto dinheiro sem origem no Brasil. Foram milhares de dólares nas peças íntimas do vestuário masculino (do ex-assessor do irmão de Genoino), foram milhões de dólares enviados ao exterior para pagar as contas publicitárias da campanha (de 2002) do presidente Lula e agora são encontrados milhões de reais para um dossiê.

O candidato do PDT, senador Cristovam Buarque (DF), defendeu a criação de uma comissão suprapartidária, com a participação da Justiça, para acompanhar as investigações da Polícia Federal.

- A situação é muito grave. Não desconfio da seriedade da Polícia Federal, mas o melhor é um número maior de instituições investigando.