Título: LULA E ALCKMIN LEVAM À TV ESCÂNDALO DO DOSSIÊ
Autor: Lydia Medeiros/Adriana Vasconcelos/Ludmilla de Lim
Fonte: O Globo, 20/09/2006, O País, p. 18

Presidente, dos EUA, fala em 'desespero de perdedor' e tucano afirma que há 'suspeitos na sala do poder'

RIO e BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, levaram o escândalo da compra de um dossiê contra os tucanos ao horário eleitoral. Lula usou a abertura de seu programa de ontem à noite para se eximir de ligação com as denúncias. Um narrador leu um texto no qual Lula se diz indignado e pede aos eleitores que reflitam. Alckmin encerrou seu programa com o assunto, insistiu na participação de assessores do presidente no caso e pediu um basta à população.

A mensagem de Lula diz que o presidente está em Nova York e que, de lá, soube dos fatos: "Li os jornais brasileiros e reafirmo minha profunda indignação com os acontecimentos envolvendo a disputa eleitoral de São Paulo. Mais uma vez peço a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos culpados, seja quem for. Em toda minha vida, nunca concordei com o jogo sujo nas campanhas. Não seria agora, quando concorro à reeleição e todas as pesquisas apontam minha vitória, que iria concordar com esse tipo de prática. Cabe uma pergunta ao povo brasileiro: a quem interessa perturbar as eleições? Reflitam sobre isso, mantenham a calma, não aceitem provocações nem se deixem perturbar pelo desespero dos perdedores", afirma Lula.

Presidente é mostrado como estadista na ONU

Depois, o programa mostrou a imagem de Lula na ONU, onde foi aplaudido ao discursar na Assembléia Geral, e informou que o presidente recebeu o prêmio Estadista do Ano.

A reação de Alckmin ao escândalo começou tímida. No programa da tarde, só o locutor tocou no assunto. O candidato falou de obras. A cúpula do PSDB não gostou e o presidente do partido, Tasso Jereissati (CE), ligou para o marqueteiro Luiz Gonzalez para cobrar:

- Nossos programas têm de retratar a indignação que nós brasileiros sentimos com esse episódio, que representa uma ameaça à democracia.

Sérgio Guerra diz que caso desestrutura o PT

O coordenador executivo da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), considerou que Alckmin não pode desperdiçar a oportunidade de crescer diante das denúncias que atingem seu principal adversário.

- É claro que esse fato cria um novo estímulo à campanha. Isso tudo desestrutura o PT e a campanha de Lula no que eles têm de mais precário que é a questão ética.

A resposta veio à noite, mas ainda foi limitada. Alckmin só tratou do caso no final do programa, dedicado à segurança.

- As notícias dos últimos dias mostram a que ponto chegou nossa política - diz o tucano, seguido por um locutor e a exibição de manchetes dos jornais: "É mais um escândalo com auxiliares diretos do presidente. Agora, o escândalo envolve dólares, reais, dinheiro vivo, petista preso em quarto de hotel".

Alckmin completa:

- É um absurdo, dinheiro novo, de novo. A polícia sabe que o dinheiro era para pagar material para prejudicar nossa campanha. De novo, tem funcionário suspeito. Tem suspeitos na sala do poder. Onde isso vai parar? De onde vem o dinheiro vivo? Como o integrante do PT conseguiu os dólares? A quem interessa tudo isso? Está na hora de o eleitor brasileiro dizer basta, chega. Está na hora de dizer não a isso tudo - disse Alckmin.

INCLUI QUADRO: OS NÚMEROS DA PESQUISA [INTENÇÕES DE VOTO PARA PRESIDENTE]