Título: NOS EUA, MORALES OFERECE GARANTIAS
Autor: Giberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 20/09/2006, Economia, p. 31
Presidente da Bolívia tenta convencer que respeitará propriedade privada
NOVA YORK, LA PAZ e BRASÍLIA. Dúvidas e um moderado otimismo foram o saldo da primeira palestra do presidente da Bolívia, Evo Morales, para empresários americanos. Ele falou no Conselho das Américas para uma platéia de 120 executivos, basicamente do setor de energia, e tentou assegurar que seu governo respeitará a propriedade privada.
Com relação ao conflito com a Petrobras por causa das refinarias, Morales disse que seu governo é flexível, mas afirmou que as empresas têm de respeitar as regras da Bolívia:
- Qualquer empresa tem a obrigação de respeitar as normas internas de um país. (Os brasileiros) reconhecem a nacionalização, tanto a Petrobras quanto o governo.
Morales foi questionado sobre que garantias têm os investidores privados. Para Terry Turner, da Golden Eagle International, que explora minas de ouro e cobre, Morales tem um "passado radical" e precisa, agora, mudar de rumo. Turner classificou o discurso de Morales de transparente. Mas nem todos concordaram.
- Sou amigo das mudanças, mas para mim não ficou claro em que estrutura e em que políticas para a empresa privada essas mudanças vão ocorrer - disse o boliviano Oscar Bazoberry, da World Data, com sede nos EUA. - A Bolívia tem que trabalhar muito. Parece-me que esse governo está em processo de aprendizagem.
Bolívia e Petrobras retomam conversas semana que vem
A Petrobras e o governo boliviano voltam a discutir a nacionalização dos hidrocarbonetos em uma reunião técnica nos dias 26 e 27, em La Paz, após quase quatro meses de silêncio. O ponto mais polêmico é o aumento da carga tributária de 50% para 82%, o que reduz os ganhos da Petrobras. Fontes do governo brasileiro não descartam que outros temas - como a transferência de ações das refinarias da Petrobras para a YPFB - entrem na pauta.
O novo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, conversará também com a Andina (subsidiária da espanhola Repsol YPF), a francesa Total e a British Gas. Ontem foi o segundo dia de reunião com a Repsol YPF. O governo boliviano disse que houve avanços, mas que não haverá adiamentos. O vice-presidente, Álvaro García Linera, disse que os contratos têm de ser renegociados impreterivelmente até 31 de outubro. (Eliane Oliveira, com agências internacionais)