Título: A CABEÇA DE LULA NA POLÍTICA EXTERNA
Autor: Ilimar Franco, Maria Lima e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 21/09/2006, O País, p. 3

Marco Aurélio Garcia orientou presidente para a área externa desde 1989

BRASÍLIA. Gaúcho de nascimento e paulista na militância dentro do PT, Marco Aurélio Garcia, de 64 anos, é um historiador com finas habilidades políticas. Assessor especial da Presidência, há mais de uma década pertence ao núcleo mais próximo a Luiz Inácio Lula da Silva.

De orientador de política externa, no governo e nas quatro eleições que Lula disputou, Marco Aurélio foi alçado a vice-presidente do PT, coordenador dos programas de governo (1994, 1998 e 2006) e uma espécie de ¿chanceler pessoal¿ do presidente ¿ teve, por exemplo, papel mais relevante nas negociações com a Bolívia na crise do gás do que o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.

Seu gabinete fica a poucos metros da sala de Lula e ele é considerado ¿homem de confiança¿ no governo e no PT. Apesar de não ser um dos cardeais do ¿núcleo duro¿ do governo, Marco Aurélio sempre fez parte do grupo de petistas que defende um crescimento econômico mais acelerado. Foi ainda secretário de Cultura da prefeitura paulistana na gestão de Marta Suplicy.

Professor licenciado do Departamento de História da Unicamp ¿ lecionava história internacional ¿ de 1969 a 1973 morou no Chile e, na década seguinte, foi fundador do PT e da CUT. Sempre atuou na área internacional do PT.

O acesso a líderes socialistas e o conhecimento das estruturas partidárias latino-americanas levaram Lula a eleger Marco Aurélio uma ponte para a política de integração da América do Sul. Sua primeira missão foi cumprida antes mesmo da posse de Lula. No final de 2002, Marco Aurélio seguiu para Caracas, onde, em um momento de crise política no vizinho, deu início à negociação do Grupo de Amigos da Venezuela.

Em outubro de 2003, Marco Aurélio foi à Bolívia, para tentar negociar uma saída sem traumas para a queda de Gonzalo Sanchez de Losada. Junto a autoridades bolivianas e enviados argentinos, costurou a troca de presidentes, que resultou na substituição de Losada por Carlos Mesa, que ficou no poder até as eleições, quando assumiu Evo Morales. De lá para cá, esteve presente em todos os momentos-chave da região. Sua atuação com os vizinhos criou a fama de uma disputa com Amorim ¿ mas sua rixa sempre foi com o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu.