Título: Raul Pont: É sempre a mesma turma¿
Autor: Ilimar Franco, Maria Lima e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 21/09/2006, O País, p. 3

BRASÍLIA. O secretário-geral licenciado do PT, o gaúcho Raul Pont, acusou ontem ¿a turma de sempre¿ do partido pela compra do dossiê contra os tucanos. Perguntado pelo GLOBO a quem se referia, Pont afirmou:

¿ É sempre a mesma turma que está envolvida nesses episódios. É a corrente que controla o partido em São Paulo. Eles é que têm de explicar o que aconteceu.

Para o secretário-geral, a executiva do partido deve se reunir para dar uma explicação e, a partir daí, tomar medidas para o afastamento dos envolvidos. Lembrado de que os supostos envolvidos são Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho e amigo de Lula há anos, e Jorge Lorenzetti, diretor do Banco do Estado de Santa Catarina e churrasqueiro do presidente, Pont criticou:

¿ Como pessoas com experiência como essas se deixam envolver num negócio destes? É uma visão errada, como aconteceu no passado. Esse pessoal acha que está ajudando, como achava quando fizeram negócios com Roberto Jefferson e Marcos Valério.

Sobre o suposto envolvimento de Ricardo Berzoini, que, conforme nota da revista ¿Época¿ sabia do oferecimento de denúncias à publicação, Pont ponderou:

¿ Ele disse que tinha sido informado de que pessoas tinham denúncias a fazer. Não sei qual foi o teor da conversa. Temos de cair fora dessas coisas porque o partido não é balcão de negócios.

Pont procurou minimizar a atuação do partido, como instituição, no episódio:

¿ O partido não cometeu erro. Quem o fez foram duas ou três pessoas. Somos mais de um milhão de filiados e não tem como a legenda ser responsável por atos isolados.

Pont, que é da corrente de esquerda Democracia Socialista, foi candidato a presidente do partido. Perdeu para Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, mesma linha de Delúbio Soares, Silvio Pereira, José Dirceu e José Genoino. Na nova composição da executiva do partido, Pont foi indicado para a secretaria-geral. Está afastado há dois meses, dedicando-se à sua campanha a deputado pelo Rio Grande do Sul. Volta à função após as eleições.

Outro membro da executiva do PT, que pediu para não ser identificado, também defendeu a punição dos envolvidos e criticou o fato de membros graduados do partido fazerem ¿movimentação paralela¿ às propostas da direção nacional. Esse petista pediu que após as eleições o partido apure o ocorrido e retome o processo sobre os mensaleiros João Paulo Cunha, Professor Luizinho e José Mentor.