Título: Com atraso, governistas rebatem os ataques
Autor: Adriana Vasconcelos/Isabel Braga/Raquel Miura/Chic
Fonte: O Globo, 21/09/2006, O País, p. 15

Petistas vão à tribuna pedir a apuração do conteúdo do dossiê com denúncias contra o candidato tucano José Serra

BRASÍLIA. Com quase 24 horas de atraso, a bancada governista do Senado se uniu ontem para responder aos ataques da véspera da oposição sobre o suposto envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo do dossiê. De manhã, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, chamou ao Planalto os líderes do PT no Senado, Ideli Salvatti, e do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), para acertar o tom.

A defesa tem dois objetivos: tentar jogar água fria no discurso pelo impeachment ou impugnação da candidatura do presidente e demonstrar que Lula não foi omisso porque foi a Polícia Federal que descobriu a venda do dossiê e prendeu os envolvidos. Para neutralizar as acusações da oposição de que Lula seria beneficiado pela manobra, os dois líderes foram uníssonos: Lula está na frente nas pesquisas e não teria por que utilizar desse recurso.

Mas ontem, os petistas não contaram com a presença dos tucanos, que estavam em ato de Alckmin no Rio. Ideli foi a primeira a ocupar a tribuna:

- Antes de falar em cassação, impeachment ou crise institucional, temos de perguntar se houve omissão do presidente em algum momento. O governo, por acaso, deixou de agir? O episódio que causa tanta polêmica, os documentos contra Serra que supostamente seriam comprados, eclodiu em razão da ação da Polícia Federal, um órgão de governo que vem mostrando à exaustão sua atitude republicana - reagiu a líder petista.

Chinaglia disse a oposição força a barra ao tentar atribuir a Lula a responsabilidade pela compra do dossiê, "quando sabe que ele não tem qualquer envolvimento com isso":

- Há uma brutal contradição da oposição ao tomar como verdadeiros depoimentos apenas contra o PT e omitir informações contra o PSDB.

Chinaglia admitiu, contudo, que pessoas próximas ou não do presidente não podem cometer erros dessa natureza e, por isso, merecem ser punidas. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também defendeu a apuração das denúncias sobre o envolvimento dos tucanos com a máfia dos sanguessugas:

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) pediu a apuração do episódio:

- Temos na História do país momentos difíceis, em que há sempre quem, num rompante de aventura, acha que pode substituir a vontade popular. Quem imagina que pode romper o ambiente de tranqüilidade, não vai encontrar respaldo na população e no país.

Em nota, o presidente do PSB, deputado Roberto Amaral (RJ), disse que o país vive a indústria do denuncismo vil e que Lula foi o mais prejudicado com o episódio. O partido pede a apuração do caso e do teor do dossiê, sob argumento de que um erro não pode encobrir outro.

* Da CBN, especial para o GLOBO