Título: Falta de quórum dá sobrevida a Ney Suassuna
Autor: Chico de Góis
Fonte: O Globo, 21/09/2006, O País, p. 20

Senadores do PSDB e do PFL membros do Conselho de Ética estavam no Rio para lançamento de programa de Alckmin

BRASÍLIA. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), acusado de receber propina do esquema da venda superfaturada de ambulâncias, ganhou sobrevida que durará até depois das eleições. Marcada para ontem, a leitura e votação do parecer do relator Jefferson Peres (PDT-AM), que analisa se o peemedebista cometeu quebra de decoro parlamentar, acabou não acontecendo por falta de quórum. O Conselho de Ética do Senado, integrado por 15 membros, não conseguiu reunir o mínimo necessário, oito senadores.

O PSDB e o PFL, que anteontem se revezaram na tribuna do Senado para cobrar ética do governo, não foram representados por seus integrantes. O presidente do Conselho, João Alberto Souza (PMDB-MA), disse ter sido informado que tucanos e pefelistas não compareceriam porque iriam ao Rio de Janeiro para o lançamento do programa de governo de Geraldo Alckmin. Sem quórum, Jefferson se recusou a ler o relatório.

A sessão durou exatos seis minutos. Só quatro senadores estavam presentes: além de Jefferson e Souza, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), e Luiz Otávio (PMDB-PA). Sibá Machado (PT-AC) chegou quando a sessão estava sendo encerrada. Cesar Borges (PFL-BA) assinou a lista de presença, mas na abertura dos trabalhos não estava.

Embora diga o contrário, Suassuna se beneficia da situação. Jefferson não revela o conteúdo do parecer, mas tem dado pistas de que vai sugerir a cassação do peemedebista.

- Lamento muito que o Senado não consiga reunir oito senadores para apreciação de uma matéria tão importante - disse Jefferson.

Ele disse estranhar o fato de o PSDB e o PFL não estarem presentes.

- Estranho o fato de esses partidos não dispensarem da solenidade de lançamento do programa de governo os membros que integram o Conselho.

Suassuna, que tem evitado a imprensa, deu entrevista para dizer que gostaria que o caso estivesse encerrado.

- Eu preferia que tudo tivesse sido resolvido logo - afirmou.

Ele voltou a se declarar inocente e criticou Luiz Antonio Vedoin e Darci Vedoin, sócios da Planam, a quem classificou de "vendedores de dossiês".

O senador comentou a ausência dos colegas do PSDB e do PFL.

- É um evento importantíssimo e eles têm mais do que justificativa para a ausência.

Ontem, o deputado Lino Rossi (PP-MT) depôs no Conselho sobre o carro cedido ao senador Magno Malta (PL-ES). Apesar de procurar inocentar o amigo, ele acabou complicando a situação, nas palavras de Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do caso.

Rossi disse que o carro lhe pertencia, mas Demóstenes apontou contradições em seu depoimento.

- Ele é um poço de contradições. O Lino Rossi é uma péssima testemunha de defesa para Magno Malta.

Lamento muito que o Senado não consiga reunir oito senadores para apreciação de uma matéria tão importante

JEFFERSON PERES - (PDT-AM)

Eu preferia que tudo tivesse sido resolvido logo

NEY SUASSUNA - (PMDB-PB)