Título: FIESP: PREJUÍZO COM O REAL VALORIZADO
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 21/09/2006, Economia, p. 31

Segundo pesquisa, um terço dos setores que exportam seria afetado

SÃO PAULO. O real excessivamente valorizado já ameaça as perspectivas de negócios de mais de dois terços dos exportadores brasileiros. Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado ontem, mostra que de 31 setores exportadores da economia, 10 (34%) vêm perdendo margens sobre as vendas, embora ainda tenham alguma gordura nos preços de seus produtos, enquanto outros 14 (37,6%) já não têm margens e estão reduzindo embarques para evitar prejuízos. Apenas sete setores desfrutam de preços em alta e perspectivas positivas de mercado.

- A curto prazo, o Brasil pode até manter certo crescimento das exportações, mas a situação pode mudar muito rapidamente mais adiante - disse o diretor do departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, ao comentar o estudo.

Intitulado "Desempenho das exportações: Até quando vai o crescimento?", o trabalho da Fiesp avaliou a condição de cada setor comparando o preço das suas exportações no segundo trimestre deste ano com o preço médio no período entre 2000 e 2006. Assim, os exportadores classificados no grupo com mercado externo favorável tinham preços pelo menos 10% acima da média desta década. Caso da indústria do açúcar, cujos preços estavam 33,7% acima da média; do café, com alta de 25,7%; e da extrativa mineral, com 23,7%. Juntos, os sete setores com céu de brigadeiro à frente exportaram juntos US$32,5 bilhões em 2005. Mas a maioria das empresas desse grupo emprega pouca mão-de-obra (3% dos empregados em empresas exportadoras).

No grupo dos setores cujo cenário externo é desfavorável, mas que ainda têm margem nos preços para manter o embarques, o estudo relaciona as indústrias siderúrgicas, de laticínios, móveis e mobiliário, de calçados, máquinas, tratores e de materiais elétricos.