Título: Receita de serviços cresceu 11% e vagas, 9,5%
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 21/09/2006, Economia, p. 34

Em 2004, foram abertas 40.822 empresas no setor. O salário médio subiu 0,6%, ficando em R$ 783,20

O setor de serviços ganhou fôlego em 2004. A receita operacional líquida (descontando os impostos) cresceu 11% sem os efeitos da inflação, alcançando a cifra de R$381 bilhões, informou ontem o IBGE ao lançar a Pesquisa Anual de Serviços, referente a 2004. Em número de empresas, a alta foi de 4,8%, com mais 40.822 firmas atuando no ramo.

O emprego no setor de serviços avançou a um ritmo chinês, chegando a 7,093 milhões de trabalhadores, num alta de 9,5%, muito superior aos 3,3% de aumento da ocupação captados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) no mesmo ano. O salário também subiu: 0,6%, chegando a R$783,20.

- Os serviços seguiram o perfil da conjuntura favorável de 2004, com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de todas as riquezas geradas no país) e das vendas do comércio. É um setor muito dependente das oscilações da economia e, por isso, mostrou esse crescimento forte - explicou Clician Oliveira, gerente de Análise da pesquisa.

Das 615 mil novas vagas no setor, 46% foram criadas nos serviços prestados às empresa. As atividades mais especializadas, reunidas no subgrupo de serviços técnicos profissionais, foram as responsáveis pela maior parte da receita: 45,1% dos R$73,56 bilhões apurados por essas empresas.

Informação e transporte, peso na receita

Apesar de empregarem mais, a intermediação de mão-de-obra e os serviços de vigilância e de limpeza, também incluídos nesse ramo voltado para empresas, pagam pouco, entre 1,8 e 2,9 salários mínimos, ao contrário dos ramos especializados, que pagam em média 5,3 salários.

- A terceirização crescente fez aumentar a contratação no ramo de serviços prestados às empresas. É um dos principais responsáveis pelo aumento do número de empregados. Com avanço da reestruturação da indústria, muitos serviços foram passados para essas empresas especializadas. Até mesmo a atividade-fim está sendo terceirizada - disse Oliveira.

Essa mesma divisão dos serviços fez aumentar o número de empresas. Das novas firmas, 71,6% foram nesse ramo.

Na receita líquida, a ordem de importância muda. Aparecem, então, os serviços de informação, que, juntamente com transporte, responderam por 60% da alta na receita:

- Dentro dos serviços de informação estão comunicações, informática e agências de notícias. Só as comunicações respondem por 66,3% de toda a receita dos serviços de informação - explicou Oliveira.

No setor de transporte, outra forte participação na receita do grupo, o impacto maior veio do transporte de passageiros e de cargas:

- Também houve bom desempenho no transporte aquaviário, refletindo os saldos crescentes na balança comercial - disse Oliveira.

Reunindo alojamento, alimentação, lazer e serviços pessoais, o grupo de serviços prestados às famílias é o que mais emprega (281.629 pessoas), porém tem uma das menores receitas: somente R$34 bilhões.