Título: CNI PREVÊ QUE BRASIL CRESCERÁ MENOS: 2,9%
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 22/09/2006, Economia, p. 33

No setor do agronegócio, perda chegou a 1,88% no primeiro semestre, calcula a CNA

BRASÍLIA. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou ontem ter revisto para baixo sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas) brasileiro em 2006. A estimativa feita em 27 de abril, de 3,7% de avanço sobre 2005, foi reduzida para 2,9%. O PIB industrial também teve sua previsão recalculada de 5% para 3,5%. A mudança de humor tem como fatores carga tributária excessiva, gastos públicos elevados, juros altos e real valorizado frente ao dólar. Juntos, eles sufocam a atividade econômica no país, diz a entidade.

Os economistas da CNI afirmam, no "Informe conjuntural", que um dos principais entraves para o crescimento vigoroso é o aumento contínuo dos gastos públicos que, segundo os técnicos, "para se sustentar precisam de uma quantidade de impostos muito alta, ou seja, uma retirada cada vez maior de recursos da população e dos setores produtivos".

A CNI destaca que a carga tributária de quase 40% do PIB restringe o investimento. Mas a entidade acredita que os juros reais devem cair no decorrer dos últimos meses do ano devido ao controle da inflação. Isso contribuiria para a retomada dos investimentos.

Um fato marcante para a entidade é a trajetória de queda da inflação, que deverá fechar o ano em 3,2%, bem abaixo da meta (4,5%). Outro ponto destacado pela CNI diz respeito ao setor externo, dada a desvalorização cambial.

"O setor externo - que contribuiu com 0,8 ponto percentual para o crescimento do PIB em 2005 - joga, em 2006, o PIB para baixo. Ou seja, a contribuição líquida do setor externo está reduzindo o crescimento do PIB de 2006, o PIB para baixo", diz o documento.

Renda dos produtores rurais também encolhe

Já o agronegócio registrou queda de 1,88% do seu Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre, segundo números da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP). Na pecuária, a retração do PIB chegou a 2,41% no período e, na agricultura, houve redução de 1,46%. Seguindo esta tendência, pelo levantamento, o PIB anual da agropecuária terá redução de R$5,7 bilhões, caindo para R$146,34 bilhões em 2006, com uma perda de 3,72% na renda dos produtores.

Segundo o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, o PIB total do agronegócio é estimado em R$527,38 bilhões este ano, com redução de 1,91% em relação a 2005.

No entanto, as exportações do agronegócio foram responsáveis por um superávit de US$32 bilhões na balança comercial do setor no período de janeiro a agosto deste ano. O valor é 10,9% maior do que o dos oito primeiros meses de 2005.