Título: LORENZETTI NEGA TER NEGOCIADO PARTE FINANCEIRA
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 23/09/2006, O País, p. 3

BRASÍLIA. As versões do ex-assessor de campanha Jorge Lorenzetti para explicar ontem sua participação na compra do dossiê deixaram no ar dúvidas e contradições. Lorenzetti garante que não teve qualquer participação na negociação financeira. Preso com R$1 milhão que seria usado na compra, o petista Valdebran Padilha, no entanto, disse em depoimento que ligou para Lorenzetti pedindo pressa na conclusão do negócio, pois estava incomodado em guardar tanto dinheiro no quarto do hotel. Valdebran disse que Lorenzetti lhe pediu calma e disse que ligaria para Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, para tentar resolver o problema.

Lorenzetti alegou na PF que nunca tratou de dinheiro e que sua função seria apenas checar a autenticidade dos documentos e tentar obtê-los.

"A conversa com Jorge ocorreu pelo fato de o declarante não se sentir confortável e querer devolver o dinheiro retornar a Cuiabá", diz o depoimento de Valdebran. Se o relato dele for verdadeiro, joga por terra outra afirmação de Lorenzetti: a de que Valdebran, integrante do PT sem destaque nacional, teve a iniciativa de comandar ao negócio.

Lorenzetti tentou manter o escândalo bem longe do amigo Lula. Disse que o dossiê seria entregue Hamilton Lacerda, coordenador de Comunicação afastado da campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. Mas a tentativa de vincular o caso à disputa paulista conflita com o fato de estarem envolvidos vários personagens da campanha de Lula e apenas um do comitê de Mercadante.

Outra questão não esclarecida: Lorenzetti, segundo seu advogado Aldo Costa, negociou o material por orientação do PT. Na carta em que anunciou sua saída da campanha, porém, atribuí o episódio a um erro seu: "Julgo ter extrapolado os limites de minhas atribuições".