Título: Ex-diretor do BB: PT ofereceu apoio jurídico a Vedoin em troca do dossiê
Autor: Jaílton de Carvalho
Fonte: O Globo, 23/09/2006, O País, p. 4

Expedito diz que objetivo era envolver empresário ligado a ministro de FH

BRASÍLIA. Expedito Afonso Veloso, afastado da Diretoria de Gestão de Risco do Banco do Brasil depois do escândalo do dossiegate, também admitiu ontem, em depoimento à PF, que o PT foi o responsável pela negociação do dossiê com informações sobre candidatos tucanos. Segundo ele, as conversas começaram em agosto. Os petistas teriam oferecido apoio jurídico aos Vedoin em troca do dossiê.

Expedito repetiu a argumentação de Jorge Lorenzetti de que a negociação com a família Vedoin não envolvia dinheiro. O petista Osvaldo Bargas, também acusado de envolvimento no caso, ainda prestava depoimento ontem à noite, mas como o advogado dele é o mesmo de Expedito, os policiais esperavam uma repetição de versões.

Expedito disse ainda que o objetivo era conseguir informações sobre o empresário Abel Pereira, que teria vencido licitações na gestão de Barjas Negri, ministro da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso. Expedito disse que não sabe de onde veio o dinheiro apreendido com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Ele confirmou, porém, que Lorenzetti era chefe de Gedimar no núcleo de informações do PT.

Depois do depoimento, Expedito confirmou que esteve em Cuiabá, a base das negociações para a compra do dossiê, para conferir se Vedoin tinha documentos comprovando pagamento de propina a Abel.

- Fui lá para cumprir uma função técnica: ver depósitos para pessoas indicadas por Abel Pereira - disse Expedito.

O delegado Diógenes Curado Filho, encarregado de investigar a origem do dinheiro, considerou o depoimento bem abaixo da expectativa. O delegado esperava que Expedito indicasse ou pelo menos desse alguma pista sobre a origem de dólares e reais que seriam usados para o pagamento aos Vedoin.