Título: A pasta azul já está nas mãos do delegado
Autor: Henrique Gomes, Regina Alvarez e Bernardo de la Pe
Fonte: O Globo, 23/09/2006, O País, p. 5

Há 11 anos, um escândalo de outra cor: a pasta rosa

BRASÍLIA. Eram pouco mais de 5h de ontem quando o delegado federal Diógenes Curado Filho embarcou num avião da TAM, no Aeroporto de Cuiabá, rumo a São Paulo. Debaixo do braço, uma pasta azul de elástico com seis fotos, uma fita de vídeo e um DVD. A pasta, que não causou qualquer comoção entre os passageiros do vôo 3599, era a mesma que, uma semana antes, fora apreendida no mesmo local, detonando o novo escândalo envolvendo amigos e assessores do presidente Lula.

A pasta azul com o já famoso dossiê estava em poder de Paulo Roberto Trevisan, tio do empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas. A mando do sobrinho, Trevisan apanhou o material naquela noite de sexta-feira e seguiu para o aeroporto. A pasta seria entregue ao advogado petista Gedimar Passos, em troca de R$1,7 milhão, mas Trevisan nem chegou a entrar no avião: foi surpreendido por agentes federais que acompanham a negociação por escutas telefônicas.

O que havia na pasta, porém, não compromete os tucanos, como queriam os petistas. São fotos e vídeos de solenidades oficiais e públicas quando o hoje candidato ao governo de São Paulo, José Serra, era ministro da Saúde.