Título: VALDEBRAN ENVOLVE 'ISTOÉ' NA COMPRA DE DOSSIÊ
Autor: Bernardo de la Peña/Alan Gripp/Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 23/09/2006, O País, p. 8

Editor diz que revista não negocia documentos e que reportagem é fruto do trabalho da equipe

SÃO PAULO. O petista Valdebran Padilha implicou a revista "IstoÉ" na compra do dossiê contra tucanos. Em seu depoimento à Polícia Federal, disse que a revista tinha um acordo envolvendo o pagamento de R$1 milhão para publicar a entrevista de Luiz Antonio Vedoin e seu pai, Darci Vedoin, donos da Planam.

"A primeira parcela de R$1 milhão (recebida por Valdebran) teria sido referente a um acordo para a entrevista à revista IstoÉ", diz seu depoimento à Polícia Federal. E mais adiante: "A princípio, o total do pagamento seria de R$2 milhões pela entrevista e documentos".

- Eles não conseguiram juntar todo o dinheiro. Pelos depoimentos, o PT e a "Istoé" não conseguiram levantar os R$2 milhões - disse o delegado Edmilson Bruno em entrevista ontem, em São Paulo.

"Negociação do dossiê começou há um mês"

Padilha disse à PF que encontrou Darci Vedoin e sue filho Luiz Antônio, o chefe da máfia dos sanguessugas, a pedido de um advogado ligado à Planam, empresa dos dois, e que a negociação do dossiê começou há um mês.

O jornalista Mário Simas Filho, redator-chefe da revista "IstoÉ", afirmou que a nota oficial distribuída pela Três Editorial na segunda-feira, dia 18, responde à declaração do delegado Edmilson Pereira Bruno, da Polícia Federal, de que editora estaria levantando, no dia da prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, parte do dinheiro para pagamento do dossiê.

- O próprio Vedoin já excluiu esta hipótese em seu depoimento - afirmou Simas.

A nota, assinada pelo editor e diretor responsável pela publicação, Domingos Alzugaray, afirma que "IstoÉ" não compra nem nunca comprou dossiês ou entrevistas e que a reportagem resulta de trabalho jornalístico.

Em texto publicado em seu site, a "IstoÉ" admitiu que Oswaldo Bargas e Expedito Veloso - petistas do comitê de campanha de Lula envolvidos no escândalo - intermediaram a negociação da entrevista com os Vedoin. Simas Filho, autor da reportagem, disse que os dois acompanharam a entrevista com os Vedoin, mas alega que não sabia de quem se tratava.

Ele disse desconhecer a identidade do homem que ofereceu a entrevista, que se identificou como 'Hamilton' (Hamilton Lacerda, coordenador de comunicação da campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo). Outros três jornalistas participaram da conversa. "Durante a semana passada é que soube, pelos jornais, os nomes completos de Oswaldo, Expedito e Hamilton".