Título: ALCKMIN SUSPEITA DE AÇÃO DA PF NO CASO DO DOSSIÊ
Autor: Lydia Medeiros/Helena Celestino/Adriana Vasconcelo
Fonte: O Globo, 23/09/2006, O País, p. 16

Para tucano, valor que seria pago por documentos mostra que deve haver informações sobre PT

MURIAÉ (MG). Em sua décima quarta visita a Minas Gerais nesta campanha, sempre acompanhado do governador Aécio Neves, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, levantou suspeitas sobre a ação da Polícia Federal no escândalo da tentativa de compra dos dossiês. Para o tucano, o valor pelo qual o documento seria negociado mostra que deve haver outras informações não divulgadas pela PF, dando a entender que elas poderiam prejudicar a reeleição do presidente Lula.

- É óbvio que devem ter muito mais coisas por trás do dossiê. É importante a sociedade saber do que se trata. É coisa de sanguessuga - disse o candidato em Muriaé, a 398 quilômetros de Belo Horizonte.

Alckmin criticou a atitude da PF de só divulgar até agora as imagens do candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB), ao lado de políticos envolvidos no esquema dos sanguessugas, mas não as dos presos e do dinheiro.

- Mostraram um dossiê que o próprio Vedoin disse que não tem nada contra mim e Serra e não mostraram o fato criminoso, que é o dólar, e nem apresentaram os presos. Ninguém ainda sabe de onde vem o dinheiro. Por tudo isso pedimos ao TSE que acompanhe a investigação.

"Ao se montar um governo, deve-se buscar os melhores"

Demonstrando animação com sua tendência de crescimento, segundo as pesquisas, Alckmin continuou associando o governo de Lula à corrupção. Lembrou casos de distribuição de dinheiro público a ONGs ligadas a petistas e afirmou que o governo coleciona "uma denúncia por semana".

- É uma história pior que a outra. Isso corrói a credibilidade do presidente. Uma vez pode dizer que não sabia, mas não saber de nada... Que presidente é esse? Ele não sabe de nada o que ocorre nas suas barbas? Este é o governo da turminha de amigos do Lula.

Embora medisse as palavras, Aécio também criticou a presença de amigos do presidente em escândalos.

- No momento de se montar um governo, deve-se buscar os melhores e não companheiros e padrinhos para dar no que está dando aí. É importante que haja no Planalto alguém que compreenda administração pública como oportunidade de transformar a sociedade e não de transformar a vida dos amigos. Queremos um governo sem tanto descaso com questões éticas.

Após uma pequena carreata, Alckmin e Aécio discursaram na praça de Muriaé. Favorito para a reeleição ao governo de Minas ainda no primeiro turno, Aécio mostrou empenho em transferir votos para o Alckmin.

- É hora de darmos um basta na ineficiência e irresponsabilidade. Votem 45 duas vezes, para governador e presidente.