Título: JUIZ QUE DECRETOU PRISÃO É AMEAÇADO
Autor: Sérgio Ramalho
Fonte: O Globo, 23/09/2006, Rio, p. 21

Depoimento de bicheiro e denúncia de atentado mobilizam a polícia

As denúncias de que o juiz da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão, que decretou a prisão do contraventor Rogério Andrade, sofreria um atentado ontem, além de uma possível tentativa de resgate do bicheiro, fizeram com que a polícia montasse um superesquema de segurança no Fórum de Bangu. Além de Rogério, 20 presos - a maioria PMs - foram escoltados até o Fórum para depor. Nas imediações do Fórum, havia cerca de cem policiais militares e civis e até uma equipe do Esquadrão Antibomba.

Cerca de 50 homens do Bope e da Polinter fizeram a segurança dos acusados na parte interna do Fórum. Barbeado, sem as lentes de contato azuis, de terno azul-marinho e cabelos bem penteados e com gel, Rogério Andrade saiu da carceragem do Ponto Zero ontem para prestar depoimento. Sua escolta contou com 20 homens da Polinter.

Rogério é acusado de formação de quadrilha no processo sobre a exploração de máquinas de caça-níqueis na Zona Oeste, com mais 28 pessoas, entre elas 17 PMs, dois policiais civis e dois bombeiros. Os demais não são policiais. Além de Rogério, compareceram à audiência mais 20 acusados que foram presos desde que a prisão preventiva do grupo foi decretada, no mês passado. O interrogatório durou quatro horas.

No depoimento, Rogério disse que não conhecia nenhum dos acusados presentes e negou participação na máfia dos caça-níqueis. Os demais também negaram que se conhecessem. As quatro testemunhas chamadas pelo MP não confirmaram a ligação entre os acusados. Entre as testemunhas, havia dois majores da PM que filmaram o tenente-coronel Ricardo Teixeira Campos, dentro de uma padaria de Bangu, ao lado de homens que carregavam máquinas de caça-níqueis.