Título: MINISTRO BOLIVIANO PREGA MODERAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES COM A PETROBRAS
Autor:
Fonte: O Globo, 23/09/2006, Economia, p. 32

Carlos Villegas afirma que Brasil e Bolívia têm dependência recíproca

LA PAZ e BUENOS AIRES. O novo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, afirmou ontem que chegou o momento de deixar "baixarem as águas" nas negociações com o Brasil, marcadas pelo conflito causado determinação do governo boliviano de assumir o controle de duas refinarias da Petrobras. Em entrevista à rede de TV venezuelano Telesur, Villegas que ambos os países dependem um do outro - um discurso bastante semelhante ao que vem sendo adotado pelas autoridades brasileiras.

Segundo o ministro, que assumiu o cargo há uma semana, desde a semana passada a Bolívia está exportando uma média de 30 milhões de metros cúbicos de gás para o Brasil.

- Creio que chegou a hora de moderar as declarações, por parte do Brasil e da Bolívia - disse Villegas, acrescentando que os dois países têm uma dependência recíproca.

Petrobras vai investir US$1,45 bi na Argentina

Com relação às refinarias da Petrobras, Villegas voltou a afirmar que a resolução que passava o controle delas para a estatal YPFB foi apenas suspensa temporariamente:

- Essa resolução não foi anulada: é uma suspensão temporária, para permitir a negociação com a Petrobras.

O ministro também disse que os dois países precisam entrar "em um processo de negociação":

- Creio ser importante que ambas as partes ponham as cartas na mesa, que sejamos transparentes.

Villegas acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse "reiteradamente" a seu colega boliviano, Evo Morales, "que o Brasil aceita as novas regras estabelecidas pelo decreto de nacionalização".

A popularidade de Morales, que completou ontem oito meses de mandato, caiu 11 pontos percentuais este mês, para 53%, segundo pesquisa da consultoria Equipos Mori. A rejeição ao presidente é de 41%. Este é o quarto mês consecutivo de queda, depois do recorde de 85% de aprovação, em maio.

O Ministério de Hidrocarbonetos informou ontem que Villegas não dará mais declarações a jornalistas sobre as negociações com as empresas petrolíferas, recorrendo apenas a comunicados.

Apesar dos problemas que vem enfrentando na Bolívia, a Petrobras anunciou ontem que investirá US$1,45 bilhão na Argentina até 2010, para explorar e produzir petróleo na plataforma continental argentina. Esses acordos foram assinados no momento em que especialistas alertam para a possibilidade de uma crise energética no país vizinho.

Segundo o gerente de Serviços Técnicos da Petrobras Energia, Pablo de Diego, a exploração em águas profundas "pode mudar o perfil da indústria petroleira argentina".