Título: Matriz do país deve ser ampliada
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 24/09/2006, Economia, p. 42

O diretor de Corporate Finance da consultoria Deloitte na Inglaterra, Robin Pratt, diz que, para evitar um novo racionamento, o Brasil precisa ampliar a matriz energética.

O modelo regulatório brasileiro na área de energia elétrica foi inspirado no sistema britânico. O que deu certo e onde erramos?

ROBIN PRATT: São dois cenários muito diferentes. O Brasil depende muito dos recursos hídricos, enquanto na Inglaterra a matriz energética é mais ampla. Além disso, no mercado inglês, as empresas reguladas de energia só distribuem energia, mas não comercializam para o consumidor final. No Brasil, o consumidor compra da concessionária, o que aumenta a complexidade da regulamentação.

Como o senhor avalia o desempenho do órgão regulador brasileiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)?

PRATT: Os órgãos reguladores no Brasil ainda estão aprendendo. Uma agência como a Aneel deve ser independente, sem se sujeitar a uma agenda política conjuntural de curto prazo, ou de partido. Mas não é uma função do governo ou das empresas tornar os órgãos reguladores independentes, mas dele mesmo.

Como o senhor vê a ameaça de um novo racionamento no Brasil?

PRATT: Sempre vai haver esse risco, a partir do momento em que o Brasil ainda é muito dependente dos recursos hídricos. O país precisa minimizar esses efeitos ampliando a matriz energética com outras fontes de energia, como termelétricas. É preciso investir em infra-estrutura.