Título: À PF, VALDEBRAN DIRÁ QUE PT NEGOCIOU DOSSIÊ DIRETAMENTE COM OS VEDOIN
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 27/09/2006, O País, p. 4

Empresário teria ido ao hotel em São Paulo para acompanhar a entrega

CUIABÁ. Em novo depoimento que deve prestar à Polícia Federal, o empresário Valdebran Padilha vai apresentar versão diferente da do ex-chefe do serviço de inteligência do PT Jorge Lorenzetti e de Luiz Antônio Vedoin para a negociação do dossiê contra os tucanos. Pela versão de Valdebran, segundo seus advogados, o PT e os Vedoin negociaram diretamente a compra do material.

Valdebran sustenta que foi ao hotel, a pedido de Vedoin, para acompanhar a operação de entrega pelo tio de Vedoin, Paulo Roberto Trevisan, dos documentos e garantir que o PT, representado por Gedimar Passos, entregasse o dinheiro. Pela versão dele, os petistas e os Vedoin já haviam negociado a venda do dossiê.

Valdebran trocou torpedos com Expedido

A perícia feita pela PF nos celulares mostrou que Valdebran trocou mensagens de texto (torpedos) com o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso durante a negociação do dossiê com Vedoin. Numa delas, Expedito alerta o petista que Vedoin estaria negociando seu silêncio também com o empresário Abel Pereira, acusado pelos Vedoin de ser um intermediário de seus negócios no Ministério da Saúde durante a gestão tucana. Em outra mensagem, já preso, Valdebran pede ajuda a Expedito. "Me ajude, estou na PF em São Paulo", teria escrito.

As escutas mostram que Valdebran, enquanto esperava no hotel, antes da prisão, ligou para Vedoin e disse que o assunto tinha de ser resolvido logo.

- Valdebran foi para São Paulo e uma pessoa (que seria Gedimar) iria procurá-lo no aeroporto. Ele só estava com metade do dinheiro (no momento em que foi preso) porque Luiz Antônio (Vedoin) ameaçava não mandar os documentos - afirmou o advogado Roger Fernandes, que representa o petista.

No depoimento, Lorenzetti disse que a idéia de obter o dossiê teria sido de Valdebran, que o teria procurado para tratar do assunto. O empresário nega. Já Vedoin disse que Valdebran também teria lhe procurado e usaria a venda do dossiê como forma de pagar uma dívida.

Na casa de Vedoin, foram apreendidos dois cheques de Valdemir, irmão de Valdebran, no valor de R$26 mil e um terceiro cheque de R$5 mil. Além destes três, foi apreendido ainda um cheque da Saneng, construtora de Valdemir, da qual Valdebran foi sócio até 2002, segundo seu advogados. Os cheques apreendidos, segundo a Polícia Federal, poderiam comprovar a existência da dívida, mas o advogado de Valdebran nega:

- Não tem nenhum cheque em nome de Valdebran. Ele diz que não se lembra de dívida até porque já saiu há quatro anos da empresa - afirmou Fernandes.