Título: FBI: DÓLARES SAÍRAM DE MIAMI PARA BANCO EM SP
Autor: Bernardo de la Peña/Jaílton de Carvalho
Fonte: O Globo, 27/09/2006, O País, p. 5

PF suspeita que dinheiro enviado do exterior e apreendido com petistas seja de caixa dois da campanha eleitoral

CUIABÁ e BRASÍLIA.Os US$248 mil que seriam usados pelos petistas como parte do pagamento ao empresário Luiz Antônio Vedoin pelo dossiê contra os tucanos saíram de um banco americano, em Miami, entraram no Brasil legalmente e foram repassados a um banco em São Paulo. As informações foram repassadas informalmente ontem por autoridades americanas à Polícia Federal. Agora a PF tentará rastrear o dinheiro desde sua entrada no país até a chegada às mãos dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos em São Paulo com os dólares e mais R$1,1 milhão que seriam entregues a Paulo Roberto Trevisan, tio de Luiz Antônio Vedoin, em troca do dossiê.

A PF já identificou a agência bancária que recebeu os dólares e espera nas próximas horas chegar ao titular da conta que recebeu o crédito e ao responsável pelo saque do dinheiro no banco, que seria uma instituição com poucas agências. O rastreamento dos dólares foi possível graças a um acordo de cooperação policial.

O trabalho dos americanos foi facilitado pelo fato de o dinheiro apreendido estar embalado com cintas com a inscrição do BEP (Bureau of Engraving and Printing), equivalente à Casa da Moeda americana. As notas tinham o número de série em seqüência, o que mostrou que não estavam em circulação antes. Os nomes do banco e da agência são mantidos em sigilo.

PF suspeita que dinheiro apreendido é de caixa 2

Delegados da PF suspeitam que o dinheiro apreendido com os petistas seja de caixa dois de campanha. A polícia trabalha com a hipótese de que os recursos foram cedidos por um empresário interessado em agradar aos petistas que negociavam o dossiê. Para a PF, é a explicação razoável diante do silêncio de petistas interrogados até agora. Até o policial aposentado Gedimar Passos resiste à idéia de colaborar com as investigações.

- Só pode ser dinheiro de campanha. Se for isso mesmo, outras pessoas vão aparecer. Nestes casos é sempre uma teia, com o envolvimento de vários - disse um delegado.

Os investigadores ainda tentam descobrir de onde saíram os reais apreendidos. Até agora, de cerca de R$1,1 milhão, a Polícia Federal obteve pistas sobre a origem de R$25 mil.

Em Cuiabá, a PF tenta descobrir, por intermédio dos números de telefones com os quais petistas falaram dias antes da prisão, pistas de quem teria levado o dinheiro a Gedimar em São Paulo. Os celulares estão sendo periciados. Estão sendo analisadas fitas do circuito de segurança do hotel Íbis, onde Gedimar e Valdebran foram presos, para tentar identificar quem entregou o dinheiro aos dois.