Título: GOLPISMO É ESPIONAR OS OUTROS, DIZ TASSO
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 27/09/2006, O País, p. 8

Oposição se une para reagir ao Planalto e cobrar transparência nas investigações do escândalo

BRASÍLIA. Em resposta ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro - que falou em golpe branco da oposição ao criticar a ação que pede a impugnação da candidatura de Lula - o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, partiu para o ataque. Disse que golpismo é usar a máquina para espionar a vida dos outros, numa referência ao dossiê montado por petistas contra tucanos:

- Golpismo é criar um serviço de espionagem da vida dos outros, tendo como integrante desse serviço um diretor do Banco do Brasil e um assessor da Presidência da República. A gente não quer ganhar no tapetão. A gente quer é transparência no que está sendo escondido da população.

Ontem, tucanos e pefelistas voltaram a cobrar a divulgação da informação sobre a origem do dinheiro que seria usado na compra de um dossiê contra José Serra e Geraldo Alckmin, e chegaram a falar em "risco" para o país no caso da eleição de Lula.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), embora não tenha comparecido à Casa, divulgou nota na qual "conclama o povo brasileiro a avaliar os riscos a que a Nação se expõe neste momento, diante da candidatura petista, inaceitável pelos cidadãos de bem e pela democracia que queremos plena".

Virgílio também encaminhou à Mesa do Senado um requerimento de voto de censura e repúdio "às palavras inadequadas" do presidente, que, anteontem, qualificou de "insanos" e "aloprados" os integrantes de sua campanha que articularam a compra do dossiê. Diz um trecho do texto de Virgílio: "O atual mandatário (...) usa palavras pouco recomendáveis, assim revelando pouca aptidão para o exercício da função pública".

"Lula tem que perguntar ao PT"

Candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), José Jorge (PFL-PE) também cobrou:

- Lula tem de pegar os petistas e obrigá-los a dizer de onde veio o dinheiro.

Para José Jorge, a não-divulgação da origem dos R$1,7 milhão "prejudica a confiabilidade da eleição.

Até o pacato Marco Maciel (PFL-PE), vice-presidente na gestão de Fernando Henrique, usou o plenário para cobrar mais transparência nas investigações:

- Os fatos são graves e ocorrem num momento em que estamos nos preparando para a eleição presidencial. É importante que o eleitor tenha suas dúvidas esclarecidas, e o próprio presidente poderia querer apurar rapidamente tudo isso.

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), procurou minimizar a fúria oposicionista.

- Todas as coisas que a oposição está inventando tem caído por terra, como foi o caso da Unitrabalho, que disseram ter recebido recursos no dia do flagrante do dossiê e depois se comprovou que o repasse foi feito depois.

Para Ideli, embora PSDB e PFL cobrem agilidade da Polícia Federal para esclarecer a origem dos recursos para a compra do dossiê, passados 10 dias da ação, não têm a mesma atitude com relação a um episódio ocorrido em Santa Catarina.

- Em Santa Catarina, tivemos a prisão de um personagem ligado ao secretário de Fazendo do Estado que estava com R$2 milhões em dinheiro vivo. Isso foi em agosto, e até agora a PF não conseguiu esclarecer de onde veio o dinheiro. Ao que me consta, não vi o Bornhausen cobrar agilidade neste caso.

A gente não quer ganhar no tapetão. A gente quer é transparência no que está sendo escondido da população

TASSO JEREISSATI