Título: ALCKMIN AFIRMA QUE LULA É SÓCIO DOS 'ALOPRADOS' RESPONSÁVEIS PELO DOSSIÊ
Autor: Paula Autran/Flávio Freire
Fonte: O Globo, 27/09/2006, O País, p. 11

Tucano acusa presidente de politizar a PF e o desafia a ir ao debate da Globo

SÃO PAULO e RIO. O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é cínico por suas declarações de que não sabia da negociação do dossiê contra os tucanos e por negar seu envolvimento com os operadores do dossiê. Segundo o tucano, os aloprados a que Lula se referiu como responsáveis pela compra do dossiê são seus sócios e, por isso, o presidente erra quando diz que eles são apenas conhecidos:

- Todos foram pegos com a boca na botija e, mesmo assim, ele é cínico ao dizer que não conhece bem nem o Lorenzetti (Jorge Lorenzetti), sócio dele numa ONG - disse o tucano, em entrevista à Rádio Capital..

Alckmin também desafiou Lula a participar amanhã do debate na TV Globo para dar explicações sobre as denúncias contra seu governo. O tucano disse que pretende pôr Lula contra a parede:

- Até por respeito ao eleitor, ele deveria comparecer e explicar as denúncias contra ele e seu governo.

Alckmin acusou o governo Lula de ser violento com os pobres e condescendente com os poderosos. Em meio ao envolvimento de petistas na negociação da compra de um dossiê contra tucanos, Alckmin disse que Lula tenta politizar o trabalho da PF na reta final do processo eleitoral.

- Quando o governo quer, ele é violento e chega a violar o sigilo de um moço pobre como Francenildo Costa. Quando é contra gente forte e poderosa, aí ele é bem devagarinho. A Polícia Federal não é do Lula, não é do governo, não é do PT, é do Brasil - afirmou Alckmin, referindo-se à quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro que denunciou o então ministro Antonio Palocci (Fazenda) por freqüentar a mansão onde políticos e empresários faziam lobby.

Mais tarde, sabatinado por cerca de 20 correspondentes estrangeiros, no Rio, Alckmin atribuiu ao PT um outro roubo:

- Talvez uma das piores coisas que já aconteceu na política brasileira foi o PT ter roubado a esperança do povo. Houve muita esperança. E a gente sente na rua um enorme desencanto. Daí a nossa tarefa hercúlea de dizer: há esperança. O PT dizia que era diferente de tudo o que estava ai. - afirmou ele aos jornalistas internacionais.

- Agora, é o contrário: "somos iguais, somos iguais. (Escândalo) já tinha no tempo do Fernando Henrique, já aconteceu antes". Mentira! Somos totalmente diferentes.

Na entrevista, o tucano defendeu a entrada da Venezuela no Mercosul e negou que vá fazer privatizações. Também criticou a política externa de Lula.

- Perdeu a presidência do BID, a diretoria geral da OMC e não conseguiu assento no Conselho de Segurança da ONU. Pôs interesses ideológicos e partidários à frente do interesse nacional. É legítimo que o Brasil tenha assento no Conselho de Segurança. Vamos trabalhar para isto, sem que isto seja o centro da política externa.