Título: PF ABRE INQUÉRITO PARA INVESTIGAR ABEL PEREIRA
Autor: Bernardo de la Peña/Anselmo de Carvalho Pinto
Fonte: O Globo, 27/09/2006, O País, p. 12
Vedoin acusou o empresário de ser o intermediário do esquema de venda de ambulâncias superfaturadas
CUIABÁ. A Polícia Federal abriu ontem inquérito para investigar o empresário Abel Pereira. Ele foi apontado por Luiz Antônio Vedoin como o intermediário para negócios feitos entre a Planam, principal empresa do esquema de venda de ambulâncias superfaturadas, e o Ministério da Saúde, durante a gestão do ex-ministro Barjas Negri. Negri, que hoje é prefeito de Piracicaba (SP), foi secretário-executivo da pasta quando o ministro era o tucano José Serra e depois continuou no cargo, quando este saiu para disputar a Presidência em 2002.
O inquérito tem o objetivo de saber se Pereira participou do esquema dos sanguessugas. Luiz Antônio Vedoin acusou o empresário de ser o intermediário do esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. A PF quer investigar transferências de recursos que teriam sido feitas pela Klass, uma das empresas de Vedoin, para Pereira ou pessoas ligadas a ele. Vedoin já apresentou cópias de 15 cheques emitidos pela Klass que teriam sido entregues a Pereira e somariam R$601,2 mil. O empresário, que também atua no ramo da construção civil, deve ser ouvido no inquérito.
Provavelmente, o seu depoimento deve ser o primeiro passo da investigação, mas ainda não tem data marcada. A PF pode levar em consideração também documentos que seriam entregues aos petistas como parte do dossiê contra tucanos.
Já existem elementos que mostram que Pereira teria tentado negociar com os Vedoin os documentos que seriam vendidos ao PT. As escutas feitas nos telefones de Vedoin pela Polícia Federal, com autorização judicial, indicam que ele fez contatos também com o empresário que supostamente seria ligado aos tucanos.
Existem registros de recados de Pereira para Vedoin no dia 14, data em que teria sido fechado o acordo entre o chefe da máfia e os petistas.
O objetivo da PF ao abrir um novo inquérito é separar as investigações. Uma delas cuidaria de apurar suposto crime contra o sistema financeiro, crime eleitoral ou mesmo de corrupção, dependendo da origem dos R$1,7 milhão apreendidos pela PF com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, em São Paulo, supostamente praticado pelos petistas na tentativa de comprar o dossiê. Outra investigação trataria das supostas irregularidades atribuídas a Pereira.
Ontem, Vedoin - que está preso na Polinter de Mato Grosso - esteve à tarde na Polícia Federal para conversar com os delegados que devem tomar seu depoimento nos próximos dias nas investigações sobre a máfia das sanguessugas. A Justiça Federal de Mato Grosso negou ontem um pedido dos advogados do empresário para que ele fosse libertado. Os defensores de Vedoin devem recorrer agora ao Tribunal Regional Federal.* Enviado especial