Título: BNDES: CUSTO MENOR PARA ENERGIA
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 27/09/2006, Economia, p. 27

Banco reduz taxas de juros em até 1,2% para financiar setor elétrico

Com o objetivo de estimular os empresários a investirem em projetos de expansão de geração e transmissão de energia elétrica, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decidiu reduzir os custos dos financiamentos para o setor. O anúncio foi feito ontem pelo diretor de Infra-Estrutura do banco, Wagner Bittencourt, ao explicar que a medida terá impacto nas tarifas de energia.

O diretor explicou ainda que, a partir de agora, os financiamentos para o setor serão corrigidos integralmente pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que atualmente está em 7,5% ao ano. Até então, do total do empréstimo concedido, 80% eram corrigidos pela TJLP e o restante, pela variação do IPCA. Segundo o executivo, a mudança vai resultar numa redução de custos dos empréstimos de 1,2% ao ano, relativa à parcela dos 20% que eram corrigidos pelo IPCA.

- Tendo em vista os projetos significativos que vão se implantar a partir de agora, achamos que seria muito importante fazer a mudança operacional para dar maior competitividade ao setor e possibilitar redução de tarifas - destacou Bittencourt.

A diminuição dos custos dos empréstimos do BNDES já ocorrerá para os projetos a serem licitados no leilão de energia nova, no próximo dia 10 de outubro. O leilão tem o objetivo de contratar energia para suprir as necessidades do mercado no ano de 2011. Vencerá o leilão aquele que oferecer a menor tarifa.

Setor elétrico é prioritário para o banco

O diretor do BNDES destacou que o setor elétrico é prioritário para o banco e, por isso, esses financiamentos têm as menores taxas de juros.

Os empresários consideraram positiva a redução dos custos dos empréstimos do BNDES. No entanto, eles ressaltam que essas taxas menores não são suficientes para alterar a decisão de se investir ou não em um projeto. Pelo menos esta é a posição de Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, que reúne os 16 maiores grupos de investidores no setor elétrico do Brasil.

- A mudança é positiva, mas não ao ponto de mudar a realidade do leilão. Mais importante são as regras do leilão, que não são claras - afirmou Cláudio Sales.